Portugal: Fingindo que não aconteceu que o candidato apoiado pelo PS e BE teve menos cerca de 300mil votos

Não aconteceu nada
Por Filipe Diniz


Terá havido eleições a 23 de Janeiro? Não é só para as largas dezenas de milhares de eleitores que a incompetência do Governo Sócrates deixou sem voto que o acontecimento não se confirma. O PS também não deu por nada.

Reuniu a respectiva Comissão Nacional para confirmar o facto: o Governo em funções antes de 23 de Janeiro ainda lá está. O Presidente da República que estava em funções lá vai continuar. Não aconteceu nada.

Não aconteceu que o candidato apoiado pelo PS e o BE alcançou menos cerca de 300 mil votos do que nas anteriores eleições, em que não fora apoiado nem pelo PS nem pelo BE.

Não aconteceu que o descrédito do Governo Sócrates é tal que até Cavaco Silva angariou votos de protesto contra este Governo. A Comissão Nacional do PS reuniu-se segundo o seu porta-voz «num forte clima de união e apoio ao Governo e à sua actuação». Não aconteceu, portanto, que o PS sai de umas eleições em que os seus dirigentes, quadros e deputados se dispersaram por um leque de candidaturas – incluindo a do «adversário» Cavaco Silva – num ambiente que tem óbvia analogia com o movimento dos ratos em navios a caminho do naufrágio. Não aconteceu que o resultado tenha sido uma inequívoca derrota de Sócrates, nem que esse resultado tem o inequívoco significado da recusa da política do Governo.

O PS de Sócrates tem um tal hábito de mentir aos portugueses que aplica a prática na sua vida interna. Pode fingir que não aconteceu nada. Mas aconteceu, e não é bom.

«A reeleição de Cavaco Silva representa um factor de agravamento do rumo de declínio económico e de injustiça social e um incentivo ao prosseguimento da política de direita» concluiu, e bem, o CC. E este PS é outra face da sombria perspectiva actual. Anuncia, com desfaçatez, ir promover o debate de «medidas de defesa do futuro de Portugal». Mas o que tem em andamento são novas medidas de ataque aos direitos dos trabalhadores e de hipoteca do futuro nacional.

As eleições mostraram que nem todos os que têm razões para protestar têm a pontaria afinada no seu voto.
Mas quando chega a hora da luta os trabalhadores têm pontaria certeira.

 
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