Ao contrário do que supõe o ‘senso comum’, a imensa maioria das mortes por terrorismo ocorrem no Oriente Médio, África e Ásia, e apenas marginal e ocasionalmente na Europa e EUA. Além disso, há forte correlação entre o crescimento do terrorismo em escala global e as intervenções militares realizadas, em tese, para coibir o fenômeno .
"Em 2003, quando se inicia a invasão do Iraque, sob o falso pretexto de neutralizar armas de destruição em massa, implantar a democracia e combater o terrorismo, tínhamos cerca de 3.000 mortes por terrorismo em todo o mundo. À medida que tal intervenção cresce, o número de mortes aumenta até cerca de 11 mil, em 2007. A partir de aí há uma discreta queda até 2011, quando se inicia a guerra civil da Síria. Desde aquele ano, há uma evolução exponencial do terrorismo, obviamente vinculada ao apoio que o Ocidente deu e ainda dá aos grupos terroristas que lutam contra o governo Assad, bem como ao colapso dos Estados Nacionais da Síria e do Iraque. O Estado Islâmico, nascido no Iraque ocupado, aproveitou-se desse apoio e conseguiu dominar um amplo território que inclui o Centro e o Oeste do Iraque e o Leste da Síria, regiões de maioria sunita. Com o domínio desse território e com a venda de seu petróleo via Turquia, o Estado Islâmico converteu-se na grande usina de propagação do terrorismo fundamentalista sunita no mundo."
I. Os recentes e trágicos atentados terroristas cometidos na França voltaram a colocar em debate, no chamado Ocidente e no Brasil, a questão do terrorismo.
II. Entretanto, é fácil constatar que tal debate está muito centrado no terrorismo que afeta eventualmente países ocidentais. Também é visível que se desenvolveu um senso comum em torno do tema, o qual impede ou distorce análises mais abrangentes, equilibradas e realistas sobre o fenômeno.