CAPITALISMO SENIL E SUAS DOENÇAS INCURÁVEIS

DOENÇAS DO CAPITALISMO SENIL
por Flavio Tavares de Lyra 


O sistema capitalista, nascido há menos de 400 anos, em que pesem as doenças congênitas de que sempre foi possuidor, que lhe levavam períodicamente ao leito com as crises ligadas aos ciclos econômicos, já há algum tempo vem dando sinais claros de esclerose, típicos da velhice que, por menos que se deseje, anunciam sua morte em algum momento no futuro não muito distante. As enfermidades que, atualmente, o afetam têm muito a ver com o crescimento exacerbado dos ativos financeiros em comparação com a base real de bens e serviços que são o seu suporte, cujos limites não podem ser superados em qualquer proporção impunente.

A verdade, porém, é que com o envelhecimento, o sistema capitalista que, na juventude e maturidade, já tinha dificuldade de controlar seu metabolismo, tornou-se cada vez menos capaz de autoregular-se. Os remédios de uso continuado que necessita para seguir vivendo não são capazes de propiciar a cura definitiva e, sempre que são esquecidos, produzem crises que ameaçam a vida do paciente.

O esquecimento do uso da regulação do Estado para o controle da expansão do crédito e dos ativos financeiros das últimas décadas e a confiança em que a intensificação dos exercícios ao ar livre ( livre mercado), aconselhados pelo neoliberalismo, fossem a terapia adequada, criaram um quadro nosólogico complicado para o envelhecido sistema.

A crise que, atualmente, se abate sobre a Grécia e ameaça outros paises como Irlanda, Portugal, Espanha e Itália e que já levou a pequena Islândia à lona, nada mais é do que a síndrome da esclerose do sistema.

O descontrole do sistema na geração de ativos financeiros é que possibilita o financiamento de grandes defícites públicos e privados e o crescente endividamento interno e externo. Com a oferta abundamente de crédito para financiar os gastos púbicos e privados, os paises podem avançar com suas políticas sociais e com o consumo sem necessitar aumentar a tributação dos mais ricos. Mas, essas políticas têm vida curta, pois em algum momente o processo de endividamento encontra seu limite.

Os credores começam a desconfiar, acertadamente, da capacidade dos devedores para honrar seus compromissos e, assim, cortam o crédito abruptamente. Com isto, a demanda de bens e serviços tem que se ajustar à distribuição da renda, normalmente, muito concentrada.

Vem, então a recessão e o desemprego que só agravam o problema. O pior de tudo é que, para se manterem na expectativa de receber seus empréstimos, os credores passam a exigir dos devedores compromissos de austeridade nos gastos que somente aprofundam a insuficiência da demanda de bens e serviços que move o sistema.

Tem sido assim no caso dos devedores menores.

Quando se trata dos grandes paises, a receita tem sido outra, como foram os casos recentes dos Estados e dos grandes paises europeus. Nestes, o Estado foi chamado a cobrir as brechas nos balanços dos grandes bancos e em outras entidades financeiras, às custas do aumento da dívida pública, já que os consumidores não tinham mesmo com que pagar as dívidas assumidas. Acontece que o cobertor é curto, cubriu os buracos do sistema financeiro e abriu um buraco nas finanças públicas, que somente poderá ser transferido para a população em prazo muito longo.

Conclusão, não dá para saber quando o idoso vai poder sair da UTI, pois a qualquer momento outros sintomas podem se manifestar em qualquer parte do corpo capitalista, ao qual pertecemos. Com um agravante, como o organismo já está debilitado, é muito difícil isolar os problemas que surgem em uma parte, do restante do corpo. O choque sofrido por nossa bolsa de valores com a crise da Crécia, mostra claramente como estamos vulneráveis à propagação dos problemas surgidos em outras partes do sistema

Texto original em http://blogln.ning.com/profile/FlavioTavaresdeLyra



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