Tocata e fuga numa barca de ouro…

Tocata e fuga numa barca de ouro…

por Jorge Messias
 

«Em Espanha, o Estado subsidia directamente a Igreja com 10 biliões de euros por ano. A Igreja católica espanhola é imensamente rica. Vive num verdadeiro paraíso fiscal, está livre de impostos e mantém um estatuto que permite o anonimato da esmagadora maioria dos seus bens e das suas contas» (Nebulosa Orion, Facebook).

«O que está a acontecer em Portugal é a agonia democrática da nossa Constituição. Esse sacrifício levará a resultados positivos, tanto para nós como para a Europa...» (D. José Policarpo, cardeal-patriarca, Fátima, 12.10.2012).

«A ideia que acalento representa a solução do problema social, para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra civil. Devemos apoderar-nos de novos territórios; para eles enviaremos o excedente da população e aí encontraremos novos mercados. O Império – sempre o tenho dito – é uma questão de estômago!... Se quereis evitar a guerra civil, deveis tornar-vos imperialistas» (Cecil Rhodes, multimilionário, fundador da Rodésia, 1853).
 

 
A Igreja católica mundial organizou-se como um poderoso entreposto comercial. Nem outra conclusão poderia ser extraída do caudal de notícias escaldantes que as agências divulgam. Disfarçadamente ou não, o Vaticano joga nas bolsas como qualquer outro agente capitalista. E nada pode ocultar o facto de que a crise que a Igreja atravessa é a mesma que apavora e simultaneamente motiva os planos megalómanos dos grandes banqueiros. A ganância fica a nu. Porque, nesta fase do capitalismo, a crise geral não tem solução. Mas vai enchendo as algibeiras de alguns. Portanto, vencer ou morrer. Monopólio ou morte!…

Falemos nas igrejas ibéricas, em época de depressão.

Nos estados pobres do Sul, os impostos aumentam brutalmente mas poupam os poderosos e os capitais que prosperam à sombra das Concordatas. Os bancos e os monopólios, os offshores e as sociedades anónimas, somam e seguem, como se nada de desastroso se passasse. A Igreja, sem dúvida, tem um aparelho financeiro poderosíssimo. Joga na bolsa, especula nos mercados, recebe rios de dinheiro através dos subsídios comunitários dos seus grupos financeiros. Partilha com a alta finança as políticas a prazo do mercado imobiliário. Está fortemente instalada em áreas sociais vitais, como a Saúde, a Educação e a Comunicação Social. Em vários casos, fundiu-se com o neoliberalismo. Noutros sectores combate-o, só porque tenta conquistar o poder e o controlo de novos mercados.

Há um plano secreto de convergência de interesses capitalistas que agora se vai definindo. A Europa foi determinante, no período colonialista, mas agora é uma sombra de si mesma. O imperialismo actual tem de ser exclusivamente financeiro e dominar um mundo novo feito à medida dos desejos do grande capital. E esta Nova Ordem avança quando destrói as nações da Europa e enquanto lança as bases dos novos mercados emergentes onde as massas humanas possam ser controladas, trabalhem sem direitos, recebam passivamente baixos salários e aceitem deslocar-se de boca tapada, como os nómadas do deserto à busca de um naco de pão. Pelo contrário, ao capital privado do futuro, concentrado nos monopólios e fundido com o poder político, serão entregues para sempre os destinos dos povos. A figura do Estado e as soberanias sobreviverão por uns tempos mas apenas como administradores locais ou supervisores da exportação de «cérebros» ou de mão-de-obra especializada.

À sombra da crise económica do capitalismo, este projecto vai-se instalando, sobretudo na Ásia e na América Latina. São regiões até há pouco tempo ferozmente exploradas pelos colonizadores. Caracterizam-se pela opulência faraónica dos milionários e pela degradante miséria das populações.

Este aspecto traduz, entretanto, uma desigual distribuição de riquezas que os «iluminados», mentores do grande capital, sabem constituir perigo de morte para o capitalismo. Assim, estimulam a fuga dos recursos dos países pobres da Europa para as suas próprias centrais financeiras; deslocalizam para a sua área de influência grandes empresas intercontinentais; e criam à pressa, nos países da América Latina, classes médias, tampões sociais de novo tipo. Vaticano, Opus Dei e Sociedade de Jesus, escondem-se, maquilham-se, mas são o veneno de tudo isto.

Conhecermos os riscos que corremos é meio caminho andado para os derrotarmos. A nossa alternativa marxista-leninista, socialista e patriótica, constrói-se e ergue-se lutando.

 
 
 
Fonte: Jornal Avante em www.avante.pt
 
 
 
 

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