As políticas de austeridade só agravam a situação

Consequências da crise capitalista
Só comparáveis a uma guerra mundial
Opinião semelhante tem a Organização Mundial do Trabalho (OIT), para quem a austeridade está na base da subida exponencial dos despedimentos. «São ainda mais 30 milhões de indivíduos desempregados em comparação com o total registado antes da eclosão da crise», ao quais acrescem cerca de «outros 40 milhões que deixaram simplesmente de procurar emprego», salienta a OIT, apontando as medidas adoptadas no velho Continente como as principais propulsoras do fenómeno destrutivo observado à escala planetária.
A produção e criação de riqueza, os empregos destruídos e os efeitos na vida de milhões de pessoas provocados pela crise capitalista em curso, só são comparáveis à devastação de uma guerra mundial, indicam entidades oficiais.


As palavras mais contundentes sobre a matéria oriundas de componentes orgânicas do sistema, foram proferidas, no início deste mês, pelo director executivo da Estabilidade Financeira do Banco de Inglaterra. Para Andy Haldane, «se tivermos sorte, serão os nossos filhos a pagar a fatia de leão da actual crise», caso contrário, «serão os nossos netos», disse, alertando que o capital financeiro ainda tem muitos activos de risco escondidos nos seus registos.

Haldane considerou ainda justa a ira popular contra a banca, já que, sustentou, «estranho seria não protestar, questionar e repudiar o que ocorreu».

Cerca de duas semanas depois das declarações do economista, as Nações Unidas vieram confirmar que, «com as políticas implementadas na Europa e EUA, serão necessários pelo menos cinco anos para recuperar os empregos perdidos desde 2008».

Neste relatório, a ONU também antevê um «panorama sombrio» para o crescimento económico mundial – estimado em 2,4 por cento para 2013 – e advertiu que nos principais blocos e potências imperialistas o desemprego vai continuar a aumentar.

Acima da média, estão a América Latina e a China, com o gigante asiático a fugir à regra e, embora em desaceleração, a poder obter um crescimento do PIB de 8,4 por cento em 2013 (meio ponto acima do estimado para 2012), previu, por seu lado o Banco Mundial.


De mal a pior

No texto das Nações Unidas sublinha-se igualmente que as políticas ditas de austeridade, sobretudo as aplicadas na Europa, mas não só, criam um «círculo vicioso de subida do desemprego, carga fiscal e baixo crescimento».

Opinião semelhante tem a Organização Mundial do Trabalho (OIT), para quem a austeridade está na base da subida exponencial dos despedimentos. «São ainda mais 30 milhões de indivíduos desempregados em comparação com o total registado antes da eclosão da crise», ao quais acrescem cerca de «outros 40 milhões que deixaram simplesmente de procurar emprego», salienta a OIT, apontando as medidas adoptadas no velho Continente como as principais propulsoras do fenómeno destrutivo observado à escala planetária.

Com a força de trabalho a aumentar à razão de 40 milhões de pessoas todos os anos, o futuro é de aumento das dificuldades na criação de «empregos decentes», calcula a OIT, que nota, ainda, que os jovens com menos de 25 anos serão as principais vítimas, uma vez que já hoje representam 40 dos 200 milhões de desempregados no mundo, e as primeiras vítimas do flagelo na Europa.
A austeridade está a ter ainda efeitos na diminuição do volume de contribuições para a ajuda ao desenvolvimento, acusa, por seu lado, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), isto no contexto de crescentes necessidades, como o fornecimento de água potável e níveis mínimos de nutrição, por exemplo, colocadas pelo nível de evolução populacional, só comparável ao empobrecimento para o qual está a ser empurrada.

Uma população empurrada, igualmente, para o desespero, facto real que se comprova com a denúncia, feita pela OIT, de que meninas cada vez mais jovens estão a ser arrastadas para a prostituição devido à crise.

Este é apenas um dos indicadores do que a OIT diz ser um movimento massivo de submissão de milhões de pessoas (três em cada mil seres humanos) a trabalhos forçados ou para situações degradantes das quais é muito difícil escapar, quer devido aos mecanismos de coacção, quer devido à ausência de alternativas proporcionadas pela economia, detalha a organização.
 
 
Fonte: Jornal Avante em www.avante.pt
 
 
 

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