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Crise capitalista exige resposta revolucionária

12.º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários



Mais de 51 delegações de Partidos Comunistas e Operários de 43 países reuniram-se, entre 3 e 5 de Dezembro, em Tshwane, África do Sul, tendo notado que a agudização da crise sistémica confirma os limites históricos do capitalismo e a necessidade da sua superação revolucionária.


Sob o lema «O aprofundamento da crise sistémica do capitalismo; as tarefas dos comunistas em defesa da soberania e no aprofundamento das alianças sociais, fortalecendo a frente anti-imperialista na luta pela paz, o progresso e o socialismo», 102 delegados oriundos de todos os continentes participaram no 12.º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, o primeiro realizado no continente africano.

Ângelo Alves, da Comissão Política, e Pedro Guerreiro, do Comité Central, representaram o PCP na iniciativa, em cuja sessão de abertura discursou Tiago Vieira, presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD) e dirigente da JCP. Em Tshwane realiza-se igualmente, a partir do próximo dia 13 de Dezembro, o 17.º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes.

No primeiro dia do Encontro, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, endereçou aos presentes uma fraterna saudação, valorizando o papel dos comunistas na procura de respostas para os profundos desafios com que a humanidade se debate, informou o PCP em nota enviada às redacções.

Paralelamente aos trabalhos centrais do Encontro, os delegados integraram também um comício de solidariedade para com os Cinco cubanos presos nos EUA e enviaram uma delegação à acção de massas com que a COSATU, a maior central sindical sul-africana, comemorou o seu 25.º aniversário.

De acordo com o texto divulgado pelo seu gabinete de imprensa, o PCP sublinhou, na sua intervenção ao Encontro, «a importância do desenvolvimento da luta de massas num quadro de agudização da luta de classes, bem como a importância dos Partidos Comunistas e da sua solidariedade e cooperação na construção da alternativa – o socialismo.


Sistema sem resposta

Os partidos presentes no encontro aprovaram ainda a declaração final proposta pelo Grupo de Trabalho, que o PCP integra juntamente com outros 10 partidos.
No documento, sublinha-se o acerto das análises feitas nos dois anteriores encontros quanto ao carácter estrutural da actual crise, de sobreprodução, e a ausência de resposta a ela no quadro do sistema, mergulhado na sua contradição básica – o carácter social da produção contrastante com a apropriação privada.

«A crise que persiste é agravada por mudanças significativas no equilíbrio de forças internacional», afirma-se também na declaração final - facto particularmente evidente no declínio acentuado da potência hegemónica, os EUA, e a emergência de novas potências, especialmente a China - o que intensifica «a concorrência entre os centros imperialistas, mas também entre estes e os poderes emergentes».

Tornou-se igualmente claro que o carácter depredador do capitalismo ameaça gravemente a sustentabilidade da vida na terra, expressam os Partidos Comunistas e Operários (PCO’s), ao que respondem as elites dominantes com soluções que nada mais consubstanciam senão a mercantilização da natureza.

«Esta é uma crise que só pode ser superada através da superação do próprio capitalismo», concluem, antes de destacarem, ainda, que o capital procura fazer parar a o curso da história transferindo para os trabalhadores, para outras camadas laboriosas e para os estados sobreanos a factura da crise, ao mesmo tempo que alarga e aprofunda o modo de produção irracional em vastas zonas rurais (com consequências dramáticas para milhões de seres humanos); e intensificando a exploração dos trabalhadores, atacando remunerações, direitos laborais e sociais, restringindo liberdades e garantias democráticas, e promovendo ideias e práticas antidemocráticas e fascistas, racistas e xenófobas.


Passar à ofensiva

Face a esta situação, assiste-se a uma «escalada das lutas populares, nomeadamente na Europa», frisa-se no texto do Encontro. No Médio Oriente, Ásia, América Latina e África, no entanto, a resistência anti-imperialista também se incrementa, tendo inclusivamente animado governos com programas progressistas, de defesa da soberania e da democracia.

«Na actual realidade, é um imperativo histórico que, como comunistas e operários, participemos no reforço e transformação dessas lutas populares defensivas em lutas ofensivas pela conquista de direitos para os trabalhadores e o povo, e pela abolição do capitalismo», refere-se.

«No âmbito desta agenda estratégica, «os comunistas sublinham a importância que a organização da classe operária e o desenvolvimento da luta dos trabalhadores têm na conquista de poder político por parte da classe operária e dos seus aliados», destacando como prioridades «a defesa, consolidação e avanço dos processos de soberania nacional; o aprofundamento das alianças sociais; o reforço da frente anti-imperialista pela paz, pelo direito ao trabalho com direitos e a direitos sociais como saúde e educação gratuitas».

«O reforço da cooperação entre os Partidos Comunistas e Operários e o reforço da frente anti-imperialista devem marchar lado a lado», frisam mais adiante os PCO’s.


Juntem-se a nós

«Nós, os Comunistas e Operários reunidos em Tshwane, no quadro de um ataque maciço aos trabalhadores, mas com muitas possibilidades para o desenvolvimento da luta, expressamos a nossa profunda solidariedade para com os trabalhadores e os povos e as suas intensas lutas, reafirmando a nossa determinação de agir e lutar lado a lado com as massas trabalhadoras, os jovens, as mulheres, e todos os sectores populares vítimas de exploração e opressão capitalistas», reitera-se na declaração final do Encontro antes de se apelar a que uma vasta gama de forças populares se juntem aos comunistas na luta comum pelo socialismo, a única alternativa de futuro para a humanidade.

Os PCO’s aprovaram ainda os principais eixos do desenvolvimento das acções conjuntas e convergentes, entre os quais destacamos:

«O desenvolvimento das lutas dos trabalhadores e do povo por direitos sociais e laborais, o reforço do movimento sindical e da sua orientação de classe, a promoção da aliança com o campesinato e outros estratos laboriosos. Particular atenção será dada aos problemas da juventude e das mulheres, que estão entre as primeiras vítimas da crise capitalista.

«A intensificação da luta anti-imperialista pela paz, contra as guerras e ocupações imperialistas, o novo conceito estratégico da NATO, as bases militares e pela abolição das armas nucleares. Estenderemos a solidariedade internacionalista com os povos e movimentos que enfrentam e resistem à opressão e às agressões e ameaças imperialistas.

«O combate firme ao anticomunismo e às suas leis, medidas e perseguições; contra a ilegalização de partidos comunistas. Defenderemos o património histórico do comunismo e a contribuição do socialismo para os avanços civilizacionais.

«Reafirmaremos a nossa solidariedade para com os povos e forças envolvidas na construção do socialismo. Reafirmaremos a nossa solidariedade com Cuba, o seu povo e a revolução socialista, e continuaremos a opormos-nos vigorosamente ao bloqueio e a suportar a campanha internacional pela libertação dos Cinco.

«Contribuiremos, dentro do contexto específico de cada realidade nacional, para o reforço das organizações de massas anti-imperialistas, tais como a Federação Sindical Mundial, o Concelho Mundial da Paz, a Federação Mundial da Juventude Democrática e a Federação Democrática Internacional das Mulheres».


TEXTO ORIGINAL JORNAL AVANTE


Comentários

  1. Precisamos cada vez mais divulgar para cada pessoa, de todas as idades, de todas nacionalidades, credos de todas faixas etárias... a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Leia matéria sobre o tema em: http://valdecyalves.blogspot.com/2010/12/direitos-humanos-declaracao-universal.html

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