IGREJA S/A : A preparação de um novo golpe de mão
A preparação de um novo golpe de mão
Por Jorge Messias
Ter em atenção...vigiar, não significa alarme ou medo. Em todo o caso, no entanto, convém observar com atenção um novo panorama que agora amadurece em silêncio. Vigiar, é uma tarefa revolucionária.
O capitalismo sente o chão fugir-lhe debaixo dos pés. Já que não pode encontrar respostas para os problemas que criou, procura agarrar-se ao terreno, mudar estratégias e ser alternativa a si próprio. Assim como é lógico – já que deixou de fazer «passar», entre o povo, a sua imagem de «sucesso» e de «via segura para o bem-estar» que a tantos enganou – que o capitalismo tente projectar agora um outro retrato seu onde figure como vítima dos homens e distribua por todos as culpas da ruína dos seus projectos, enquanto acelera, às ocultas, um esquema de recuperação do terreno perdido.
Tudo aponta no sentido de que é justamente isto que nos próximos tempos vai acontecer em Portugal. Não apenas na área das «religiões», como é evidente. Mas em todos os sectores sociais e económicos da vida nacional e numa vasta malha balizada pelas autarquias, sindicatos, associações e iniciativas populares, áreas como as da Segurança Social, Saúde, terceira idade e juventude, informática e comunicação social, etc., etc. Os banqueiros e os «cérebros» do grande capital conspiram e vão passar à acção.
Trata-se de criar entre o povo nova falsa noção das realidades. No terreno, contam com alianças poderosas que incluem a Igreja. A «Igreja, SA». Dinheiro não lhes falta. Vem de Bruxelas, de Washington, de Roma, dos grupos económicos, da banca, da «sociedade civil», do próprio Estado, das autarquias e outras fontes obscuras, tais como os off-shores, as fundações e as famílias poderosas devotas da filantropia caritativa.
Da confusão nasce a luz... «metafísica»
Tomando como exemplo o caso português no actual ponto da sua situação, facilmente se nota que é de interesse central para a alta finança instalar entre os explorados a dúvida e a confusão permanente. Só da contradição e da angústia poderá surgir a «luz verde» metafísica que abra as portas a um mundo novo com velhas categorias de classe e um fosso cada vez mais profundo entre pobres e ricos. «Luz metafísica», porque ela permite inventar utopias que nada têm a ver com o mundo real. Um mundo fictício, ideal para os ricos e para a conquista do poder pelo patronato.
Da confusão nasce a luz... «metafísica»
Tomando como exemplo o caso português no actual ponto da sua situação, facilmente se nota que é de interesse central para a alta finança instalar entre os explorados a dúvida e a confusão permanente. Só da contradição e da angústia poderá surgir a «luz verde» metafísica que abra as portas a um mundo novo com velhas categorias de classe e um fosso cada vez mais profundo entre pobres e ricos. «Luz metafísica», porque ela permite inventar utopias que nada têm a ver com o mundo real. Um mundo fictício, ideal para os ricos e para a conquista do poder pelo patronato.
Em primeiro lugar, porém é preciso «arrumar a casa». Simultaneamente, reconstruir o que interessar reconstruir e deitar fora o que não interessa. Neste ponto social delicado é fundamental ganhar-se eficiência.
Na lista bem ordenada das tarefas a cumprir sobressai a da criação das infraestruturas de uma rede moderna de telecomunicações que ligue os agentes sociais a uma central única de comando. Vimos anteriormente (Avante!, 18.11.2010) que esses trabalhos já se desenvolvem a bom ritmo. Complementarmente, o empreendimento dá origem a novas parcerias entre a Igreja S.A. e grandes grupos empresariais.
Depois, na ordem das prioridades, aponta-se para a urgência inadiável da reciclagem e racionalização da malha dos «agentes sociais». Há que cortar duro, doa a quem doer. Só na área de obediência católica, contam-se mais de 400 misericórdias, 4000 ONGS e IPSS, cerca de 2000 centros de assistência, centenas de lares, hospitais, fundações, dispensários, instituições de tempos livres, grupos de voluntários, etc., etc.
Se olharmos para as dimensões do país, são números impressionantes. Impressionantes mas enganadores. A prática demonstra que a maior parte dessas formações não satisfaz mínimos operacionais e que não é assim que um dia a «sociedade civil» virá a ser capaz de «conquistar a tutela» dos serviços nacionais do Estado. É urgente, pois, extinguir instituições inúteis, reciclar muitas outras, centralizar, formar milhares de quadros, combater a corrupção interna e o dogmatismo. «Trabalhos de Hércules!» mas que urge acelerar a qualquer preço. Quanto tempo mais aguentará o sistema capitalista a revolta dos oprimidos?
Entretanto, a «luz metafísica» deve continuar a iluminar os homens. O momento presente é favorável. Como abundantemente tem sido dito: «Nas crises, nem tudo é mau!».
Para os bispos, até é mais fácil agir numa sociedade em desespero, à beira de se esboroar.
O actual governo é uma ficção política; as autarquias submergem em tremendas dificuldades; muitos homens optam pelo «salve-se quem puder»; e a pobreza, bem trabalhada, pode conduzir a uma desesperada «fé em Deus» e na aceitação da «fatalidade do Destino».
texto original no sítio do Avante :http://www.avante.pt/pt/1931/argumentos/111528/
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