O CRIMINOSO URIBE ( EX-PRESIDENTE COLOMBIANO )


Uribe acusado de crimes contra a humanidade


O antigo presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, foi acusado de crimes contra a humanidade por um grupo de cerca de 40 pessoas que alegam ter sido vítimas de acções de espionagem e perseguição promovidas entre 2003 e 2009 pelo Departamento Administrativo de Segurança (DAS), órgão de inteligência civil subordinado à Presidência da República.

A queixa foi apresentada a 29 de Novembro, na sequência de uma reportagem denunciando as actividades ilegais do DAS publicada numa revista colombiana no início de 2009.

As vítimas alegam que as actividades do DAS seguiram orientações da Presidência da República contra mais de 300 pessoas e com pleno conhecimento de Uribe, que esteve à frente dos destinos da Colômbia entre 2002 e 2010.

Entre essas actividades constam intercepções electrónicas e telefónicas sem ordem judicial, ameaças, montagens, campanhas de difamação e actos intimidatórios como o envio de bonecas desmembradas e coroas fúnebres. De acordo com as vítimas, tais acções constituem perseguição política e tortura psicológica, delitos considerados como de lesa humanidade.

O governo de Uribe, na época, negou ter autorizado o DAS a fazer as escutas, remetendo a responsabilidade para «funcionários corruptos», mas as vítimas rejeitam a «explicação» fazendo notar que a coerência entre os discursos presidenciais atacando as mesmas pessoas monitorizadas mostram o vínculo do ex-mandatário com o serviço de inteligência. «O presidente Álvaro Uribe Vélez pronunciou discursos e deu entrevistas que denotam a sua ideologia anticomunista, a mesma expressamente encontrada na documentação do DAS e que motivou as acções ilegais por parte das agências de inteligência», afirmam.

Até agora foram investigados 52 funcionários do departamento, 18 estão presos e seis responsáveis de alta patente do DAS confessaram «ter recebido ordens da direcção do DAS e da Presidência para vigiar ilegalmente e participar em campanhas de difamação» contra membros do Supremo Tribunal de Justiça, políticos da oposição, jornalistas, defensores de direitos humanos, sindicalistas e mesmo chefes militares.

Na queixa que apresentaram, as vítimas pedem que a Comissão de Acusações do Parlamento solicite como provas todo o acervo de documentos existente nos processos penal e disciplinar e uma cópia autêntica dos discursos de Uribe contra ONGs, defensores de direitos humanos, jornalistas e o Supremo Tribunal de Justiça. No documento critica-se ainda a negligência da Comissão em investigações anteriores contra ex-mandatários e solicita-se que, se o processo chegar a julgamento, seja enviado ao Supremo Tribunal de Justiça por se tratar de delitos comuns que não têm relação com o foro presidencial.

A denúncia é assinada pela presidente e representante legal do Polo Democrático Alternativo, Clara López Obregón; a ex-senadora Piedad Córdoba, e representantes de organizações como o Colectivo de Advogados José Alvear Restreo (CCAJAR), a Consultoria para os Direitos Humanos e Deslocamento (CODHES), a Comissão Colombiana de Juristas (CCJ), o Comité de Solidariedade com os Presos Políticos (CSPP), para além de jornalistas e outros profissionais.


TEXTO ORIGINAL NO SITIO DO JORNAL AVANTE http://www.avante.pt/pt/1933/internacional/111764/

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