Alucinações bélicas

Alucinações bélicas
por Jorge Cadima

"A natureza criminosa das potências imperialistas que comandam a NATO é tão chocante, que até um ex-embaixador inglês (Craig Murray) fala do seu país nestes termos: «é um Estado patológico que representa uma ameaça para o mundo, um Estado marginal e um Estado disposto a fazer a guerra para tornar ricas algumas pessoas […]. Matámos 15 000 pessoas quando a NATO bombardeou Sirte [na Líbia], algo que a BBC nunca vos contou» (Ria Novosti, 28.8.14). Mas o Avante! contou (9.2.12)."

"A declaração da Cimeira tem o desplante de dizer (ponto 37) que «o regime de Assad contribuiu para o surgimento do ISIS [o “Estado Islâmico”]», entidade que é apenas a mais recente reciclagem das hordas fundamentalistas usadas pelo imperialismo para destruir os países laicos surgidos do movimento de libertação nacional árabe. Pouco importa que a própria imprensa inglesa diga que a Turquia, membro destacado da NATO, «tem mantido a sua fronteira aberta aos jihadistas que se opõem [a Assad], incluindo aos combatentes do ISIS» (Guardian, 24.8.14). A declaração alucinante da NATO também culpa (ponto 17) a «Rússia e os separatistas apoiados pela Rússia» pela «cada vez pior situação humanitária e destruição material no Leste da Ucrânia». Como se não fossem as tropas do governo golpista de Kiev e os batalhões de nazis – financiados pelos oligarcas ucranianos e armados pelas potências da NATO que também orquestraram o golpe de Estado de Fevereiro – que têm bombardeado, dia após dia, pequenas vilas e grandes cidades como Donetsk ou Lugansk, semeando a morte (como em Gaza) e chegando mesmo a usar fósforo branco e até mísseis balísticos. "

"Destruídos os países e chacinada a população, culpam as vítimas"


O Estado-Maior da guerra imperialista, a NATO, realizou uma Cimeira há poucos dias. O extenso comunicado final da Cimeira é alucinante. O ataque à Rússia foi o tema forte nesta Cimeira do Delírio. Mais uma vez, a guerra e a mentira andam de mãos dadas, ao serviço do imperialismo. 

O chefe político da NATO é o dinamarquês Rasmussen, que deve o seu actual cargo (tal como o presidente cessante da Comissão Europeia, Durão Barroso) ao facto de, enquanto primeiro-ministro da Dinamarca em 2003, ter apoiado o eixo Bush-Blair-Aznar, na tão mentirosa quanto criminosa invasão do Iraque. Rasmussen não perdeu o hábito de mentir. Em Junho disse que os ambientalistas que se opõem às perigosas técnicas de injectar água com produtos tóxicos (fracking) para extrair gás natural preso em rochas sedimentares (o «gás de xisto») estavam a soldo de Putin. 

O jornal do grande capital anglo-saxónico, Financial Times, volta à carga, alimentando a patranha: «Muitos nas comunidades dos serviços secretos europeus levam a sério o comentário do Sr. Rasmussen» (FT, 28.8.14). Tal como «levavam a sério» as mentiras sobre as armas de destruição em massa de Saddam Hussein. 

Não é demais lembrar que os países da NATO são responsáveis por todas as grandes guerras das últimas décadas e por mais de 75% das despesas militares do globo. Quando não podem vergar a ONU aos seus planos de guerra, atacam na mesma (Jugoslávia, Iraque). Financiam, treinam e armam os mais bárbaros bandos terroristas para servir como tropa de choque (como na Líbia, Síria, Ucrânia). Destruídos os países e chacinada a população, culpam as vítimas. 

A declaração da Cimeira tem o desplante de dizer (ponto 37) que «o regime de Assad contribuiu para o surgimento do ISIS [o “Estado Islâmico”]», entidade que é apenas a mais recente reciclagem das hordas fundamentalistas usadas pelo imperialismo para destruir os países laicos surgidos do movimento de libertação nacional árabe. Pouco importa que a própria imprensa inglesa diga que a Turquia, membro destacado da NATO, «tem mantido a sua fronteira aberta aos jihadistas que se opõem [a Assad], incluindo aos combatentes do ISIS» (Guardian, 24.8.14). A declaração alucinante da NATO também culpa (ponto 17) a «Rússia e os separatistas apoiados pela Rússia» pela «cada vez pior situação humanitária e destruição material no Leste da Ucrânia». Como se não fossem as tropas do governo golpista de Kiev e os batalhões de nazis – financiados pelos oligarcas ucranianos e armados pelas potências da NATO que também orquestraram o golpe de Estado de Fevereiro – que têm bombardeado, dia após dia, pequenas vilas e grandes cidades como Donetsk ou Lugansk, semeando a morte (como em Gaza) e chegando mesmo a usar fósforo branco e até mísseis balísticos. 

Pouco importa que até a imperialista BBC (2.9.14) titule: «Conflito ucraniano: a ONU diz que um milhão de pessoas já fugiram», para depois informar que mais de 80% desses refugiados fugiram … para a Rússia! A declaração da Cimeira tem o desplante de falar (ponto 91) na grande preocupação da NATO pelas crianças. Mas nem 113 pontos de Declaração chegaram para alguma vez condenar Israel, que passou os dois meses que antecederam a Cimeira a chacinar a população de Gaza, incluindo quase 600 crianças.

A natureza criminosa das potências imperialistas que comandam a NATO é tão chocante, que até um ex-embaixador inglês (Craig Murray) fala do seu país nestes termos: «é um Estado patológico que representa uma ameaça para o mundo, um Estado marginal e um Estado disposto a fazer a guerra para tornar ricas algumas pessoas […]. Matámos 15 000 pessoas quando a NATO bombardeou Sirte [na Líbia], algo que a BBC nunca vos contou» (Ria Novosti, 28.8.14). Mas o Avante! contou (9.2.12).






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