Meninos e meninas aprisionados, agredidos e violentados

Meninos e meninas aprisionados

"Diminuir a maioridade penal, como foi feito em países como os EUA, em nada diminuiu a violência entre menores"
 


Começa o ano e, não tarda, logo recomeçarão os falatórios sobre a redução da maioridade penal. Esse tema surge e some ao sabor de interesses eleitoreiros e quase sempre sob a comoção de algum fato trágico e violento que envolve adolescentes.

Quase sempre despossuídos de cidadania, sem estudo, casa, família ou respeito, meninos e meninas em fase de crescimento e desenvolvimento físico e psíquico, há muito expostos a diárias doses de violência, apenas fazem reproduzi-la, neste mundo em que o humano perde cada vez mais espaço para coisas compráveis. E eles, também querem comprar, e, para tanto, roubam e matam.

É preciso lembrar que diminuir a maioridade penal, tal como foi feito em países como os Estados Unidos, por exemplo, em nada diminuiu a violência que envolve crianças e adolescentes.

Aliás, segundo dados da Unicef eles, os adolescentes, respondem por pequena parcela da criminalidade, 10% dos homicídios, mas compõem os 40% das vítimas desse mesmo crime.

É muita hipocrisia querer convencer a sociedade que aprisionar meninos e meninas a quem se negam os básicos direitos vá fazê-los melhores, ou reabilitá-los para viver em sociedade. Se a sociedade não habilita a criança e o jovem para ser cidadão, nada restará para ser reabilitado.

Educação, somada a outros direitos básicos, é o único meio de fazer uma criança vir a ser um homem ou mulher que olhe seu próximo como a si mesmo. Sem isso, é construir presídios sem cessar e crer que leis e números no papel podem ser a salvação. É tapar o sol com a peneira que, precisamos reconhecer, já está muito furada.




Dora Martins


Dora Martins é membro da Associação Juízes para a Democracia e da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São Paulo.

 
 Fonte: Brasil de Fato em http://www.brasildefato.com.br/node/11518
 
 
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Violentados em Fortaleza 822 crianças e adolescentes


Somente nos três primeiros meses do ano, 822 crianças e adolescentes foram violentados em Fortaleza, de acordo com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Mas esse número pode ser ainda maior, pois esse dado se refere somente aos casos atendidos neste órgão. O mais grave é que tais atrocidades foram cometidas pelos próprios pais ou responsáveis.
Esse absurdo nos leva a refletir o tipo de sociedade em que nossos filhos e filhas estão inseridos. Na realidade, o sistema capitalista não respeita nem mesmo a inocência das nossas crianças e acaba com as relações de afetividade entre pais e filhos. Através das músicas, filmes e novelas, sexualiza crianças e adolescentes. Até a moda tem fortalecido essa triste realidade.
 
É comum vermos meninas usando roupas extravagantes, curtas e sapatos de saltinho, sendo transformadas em mulheres-pequenas. Muitas vezes crianças e adolescentes são vistas dançando coreografias com gestos obscenos de músicas com letras pornográficas. Dessa forma, crimes como a pedofilia, o abuso sexual e a prostituição de crianças e adolescentes são fortalecidos e naturalizados.

Se a humanidade não transformar essa sociedade, acabando com o capitalismo, uma realidade cada vez mais dura será imposta para todas as crianças, homens e mulheres.



Paula Virgínia Colares, Fortaleza
 
 

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