L'Unità

L'Unità
por Albano Nunes


"O verdadeiro L´Unità, comunista, passará à história pelo papel que efectivamente desempenhou ao serviço dos trabalhadores em duríssimos combates de classe contra o fascismo e a grande burguesia italiana. Do outro, daquele cuja trajectória de adaptação ao sistema capitalista agora termina, se não ficarão saudades, ficam-nos importantes lições.

Ainda estamos bem recordados como o L'Unità, acompanhando o processo de degenerescência do PCI, defendia o «eurocomunismo» como «via para o socialismo nos países capitalistas desenvolvidos», numa concepção contraposta à Revolução de Outubro e às experiências históricas do socialismo, dispensando o papel dirigente da classe operária e o partido de vanguarda marxista-leninista, opondo Marx a Lénine para depois o renegar, privilegiando o terreno eleitoral e parlamentar de luta e acordos de cúpula para alcançar um «compromisso histórico» acima da luta de classes. Como recordados estamos do progressiva abandono do objectivo de liquidação dos monopólios (apenas a «limitação do seu poder») e da dissolução da NATO ao mesmo tempo que – abrindo uma profunda brecha naquela que era a posição do movimento comunista – passava a defender uma opção «europeísta», de apoio à CEE/União Europeia e às suas estruturas e políticas federalistas supranacionais considerando «caduco» o marco nacional e a necessidade de fortalecer uma «Europa autónoma» frente aos EUA, argumentos que a prática já derrotou."

O L'Unità, fundado em 1924 como órgão do Partido Comunista Italiano mas que há muito deixara de existir como jornal comunista, «suspendeu definitivamente» a sua publicação. A notícia, que conheceu larga repercussão e teve mesmo chamada de primeira página no «Expresso», não nos pode deixar indiferentes. Se por um lado, e descontando os graves problemas criados aos trabalhadores do jornal, é positivo que um título prestigiado da imprensa operária e comunista deixe de ser utilizado para veicular posições sociais-democratas, por outro lado fica a confirmação de uma derrota e de um vazio que os esforços corajosos dos camaradas italianos ainda não conseguiram preencher.

O verdadeiro L´Unità, comunista, passará à história pelo papel que efectivamente desempenhou ao serviço dos trabalhadores em duríssimos combates de classe contra o fascismo e a grande burguesia italiana. Do outro, daquele cuja trajectória de adaptação ao sistema capitalista agora termina, se não ficarão saudades, ficam-nos importantes lições.

Ainda estamos bem recordados como o L'Unità, acompanhando o processo de degenerescência do PCI, defendia o «eurocomunismo» como «via para o socialismo nos países capitalistas desenvolvidos», numa concepção contraposta à Revolução de Outubro e às experiências históricas do socialismo, dispensando o papel dirigente da classe operária e o partido de vanguarda marxista-leninista, opondo Marx a Lénine para depois o renegar, privilegiando o terreno eleitoral e parlamentar de luta e acordos de cúpula para alcançar um «compromisso histórico» acima da luta de classes. 

Como recordados estamos do progressiva abandono do objectivo de liquidação dos monopólios (apenas a «limitação do seu poder») e da dissolução da NATO ao mesmo tempo que – abrindo uma profunda brecha naquela que era a posição do movimento comunista – passava a defender uma opção «europeísta», de apoio à CEE/União Europeia e às suas estruturas e políticas federalistas supranacionais considerando «caduco» o marco nacional e a necessidade de fortalecer uma «Europa autónoma» frente aos EUA, argumentos que a prática já derrotou.

No momento em que se anuncia o seu desaparecimento vale a pena reflectir sobre o caminho percorrido pelo L'Unità. As concepções reformistas que a partir dos anos setenta veiculou e que após as derrotas do socialismo se tornaram abertamente liquidacionistas, conduziram, pela mão de dirigentes sem princípios como Ochetto, D'Alema e outros, à dolorosa dissolução do partido fundado por Gramsci e Togliatti. 

De degrau em degrau no abandono das teses centrais do movimento comunista internacional, de cedência em cedência para se tornar aceitável pelo grande capital, o PCI, aquele que foi um dos mais importantes partidos operários da Europa, com fortes raízes populares e com uma expressão eleitoral que chegou a ultrapassar os 30%, transformou-se sucessivamente em PDS, DS e finalmente no Partido Democrático actual em completa e assumida ruptura com o passado heroico dos comunistas italianos e diluído numa fétida sopa social-democrata que não desdenha incluir entre os seus membros um dos partidos que em Israel está a conduzir o hediondo massacre do povo palestiniano e que apoia o regime golpista-fascista instalado em Kiev.

É triste e doloroso. Mas como a experiência ensina mesmo as mais amargas derrotas das forças do progresso social não conseguem impedir a marcha da História para diante. O movimento operário e os comunistas italianos, herdeiros de honrosas tradições revolucionárias, encontrarão o seu caminho.





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