Ucrânia : Insistência na guerra

combatentes anti-golpistas na Ucrânia
Crise na Ucrânia
Insistência na guerra

"A junta fascista ucraniana pretende fazer capitular os anti-golpistas em Donetsk e Lugansk, cidades sitiadas, sujeitas a intensos bombardeamentos e onde a degradação das condições de vida é crescente. As Nações Unidas calculam que 1129 pessoas já tenham morrido e que pelo menos 3500 tenham ficado feridas desde Abril, quando os golpistas lançaram a ofensiva. A ONU atribui aos bombardeamentos de áreas residenciais o aumento do número de vítimas civis e a Cruz Vermelha russa fala em desastre humanitário. O ataque à cidade de Gorlovka, na região de Donetsk, entre 27 e 29 de Julho, e a calamidade que se prevê que se abata sobre Lugansk, onde o fornecimento de água e electricidade estão em causa e escasseiam a comida e os combustíveis, ilustram a situação dramática."


EUA e UE continuam a usar a Ucrânia, onde a ofensiva da junta fascista prossegue com apoio crescente do imperialismo, para aprofundarem o cerco e provocação à Rússia.

O mais recente episódio da escalada político-militar foi uma entrevista na qual o secretário-geral da NATO justificou a preparação de «novos planos de defesa» na Europa com o que considerou ser uma «agressão russa» à Ucrânia. Ao jornal francês Midi Libre, Anders Fogh Rasmussen defendeu igualmente que os países-membro da Aliança Atlântica devem aumentar os seus gastos militares.

O conteúdo das palavras do responsável não é novo nem original. Anteriormente já o primeiro-ministro britânico, David Cameron, havia defendido a redefinição do relacionamento da NATO com Moscovo. É no entanto de realçar que as declarações de Rasmussen confirmam o propósito de avolumar a tensão entre os blocos imperialistas e a Rússia.

Ao periódico gaulês, o secretário-geral da NATO repetiu argumentos da guerra informativa a propósito da queda do avião das linhas aéreas malaias. Responsabilizou «os separatistas, apoiados pelos russos», falou num conjunto de informações que confirmam a narrativa de Kiev e Washington, mas não apresentou qualquer facto ou provas credíveis.

O Kremlin, pelo contrário, entregou recentemente à ONU e à OSCE alguns dos dados que possui sobre o despenhamento do MH17 – entre os quais o posicionamento de lançadores de mísseis terra-ar ucranianos na região no dia da tragédia –, e na segunda-feira, 4, estranhou que a NATO demonstre desinteresse pela investigação imparcial ao sucedido. Para mais, o Ministério da Defesa da Rússia já demonstrou serem falsas as imagens apresentadas por Kiev para «atestar» o envolvimento de Moscovo no «crime de guerra» supostamente cometido pelas milícias do Leste da Ucrânia.

Rasmussen referiu ainda os alegados obstáculos colocados pelos antifascistas à deslocação da equipa de investigadores australianos, holandeses e malaios ao local da tragédia. A verdade é que, no domingo, 3, estes realizaram pesquisas pelo terceiro dia consecutivo no terreno, acompanhados por membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), e só não o fizeram mais cedo porque nas últimas duas semanas o exército ucraniano tem fustigado a área com bombardeamentos.

Escalada perigosa


A entrevista do secretário-geral da NATO também surge quando os EUA acusam a Rússia de violação do Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermédio, subscrito em 1987 com a então União Soviética. Acusação que a Rússia nega e devolve, notando que os testes efectuados pelo Pentágono a propósito do escudo anti-míssil e o fabrico e uso de aviões não-tripulados contrariam aquele acordo de não-proliferação.

O clima de autêntica «guerra fria» que a entrevista de Rasmussen sintetiza e cuja escalada comporta graves perigos para a humanidade, traduz-se ainda no endurecimento das sanções econômicas norte-americanas e da UE à Rússia, concretizado a semana passada, e no recrudescimento da campanha militar levada a cabo por Kiev com o apoio do imperialismo.

A junta fascista ucraniana pretende fazer capitular os antigolpistas em Donetsk e Lugansk, cidades sitiadas, sujeitas a intensos bombardeamentos e onde a degradação das condições de vida é crescente. As Nações Unidas calculam que 1129 pessoas já tenham morrido e que pelo menos 3500 tenham ficado feridas desde Abril, quando os golpistas lançaram a ofensiva. A ONU atribui aos bombardeamentos de áreas residenciais o aumento do número de vítimas civis e a Cruz Vermelha russa fala em desastre humanitário. O ataque à cidade de Gorlovka, na região de Donetsk, entre 27 e 29 de Julho, e a calamidade que se prevê que se abata sobre Lugansk, onde o fornecimento de água e electricidade estão em causa e escasseiam a comida e os combustíveis, ilustram a situação dramática.

O governo golpista insiste, porém, na guerra e goza do apoio imperialista no crime. Na semana passada, a UE levantou o embargo à venda de armas à Ucrânia. Os EUA anunciaram um pacote de 19 milhões de dólares para treinar a Guarda Nacional nazi-fascista e outros oito milhões para adestrar as forças de fronteira ucranianas. Moscovo protestou reiterando a necessidade de um cessar-fogo que abra caminho à resolução pacífica do conflito e lembrando que o fornecimento de armas e equipamento agravará as constantes provocações fronteiriças a que a Rússia tem sido sujeita – o que, aliás, foi comprovado durante o fim-de-semana, por jornalistas e observadores da OSCE no posto de Gukovo, região de Lugansk.

Na sexta-feira, a NATO confirmou e depois desmentiu noticias avançadas por meios de comunicação norte-americanos e alemães indicando que a Ucrânia teria já usado mísseis balísticos na região de Donetsk. As informações mais recentes indicam que poderosos lançadores de mísseis continuam a ser colocados em redor de Donetsk e que Kiev intimou a população a abandonar as zonas «rebeldes». Um banho de sangue terá consequências imprevisíveis.





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