O Blitzkrieg

Os fascistas no poder em Portugal
O Blitzkrieg
por Henrique Custódio
 
"Neste contexto, quando as crises cíclicas apertam (como a actual, montada no «subprime»), os governos da burguesia reactivam a «selecção natural» para iludir o pagode, querendo convencê-lo de que, quando há crise, é a tal «selecção» que vai definir os «vencedores» e os «perdedores», aplaudindo, naturalmente, os «vencedores», como fez Passos Coelho, ignorando os «perdedores».
Só que isto é um embuste, como podemos escrutinar em Portugal: o que o Governo «seleccionou» foi a recapitalização dos bancos, (a pagar pelos portugueses), para alimentar os grandes grupos económicos com créditos à vara larga. Em contraponto, cortou o crédito aos pequenos e médios empresários, afogando-os em impostos, como fez com a subida do IVA na restauração de 13% para uns assassinos 23% – o que já encerrou dezenas de milhares de estabelecimentos, lançando cem mil pessoas no desemprego."


O primeiro-ministro Passos afirmou que já está feita «a selecção natural das empresas que podem melhor sobreviver».

A «selecção natural», diga-se, é um velho embuste da burguesia usado desde os primórdios do século XX. Houve mesmo quem lhe chamasse «darwinismo social» (pobre Darwin...).

Entendamo-nos: é só o Estado que cria o ambiente económico para as empresas laborarem. Só que, no Estado, são os governos a tudo decidir e realizar. Na Europa, os governos, munidos do poder, fazem escolhas e uma selecção não natural, mas política. E nessa selecção revelam os interesses que servem – que são, escancaradamente, o dos grandes grupos económicos, por trás dos quais está a burguesia dominante.

Neste contexto, quando as crises cíclicas apertam (como a actual, montada no «subprime»), os governos da burguesia reactivam a «selecção natural» para iludir o pagode, querendo convencê-lo de que, quando há crise, é a tal «selecção» que vai definir os «vencedores» e os «perdedores», aplaudindo, naturalmente, os «vencedores», como fez Passos Coelho, ignorando os «perdedores».

Só que isto é um embuste, como podemos escrutinar em Portugal: o que o Governo «seleccionou» foi a recapitalização dos bancos, (a pagar pelos portugueses), para alimentar os grandes grupos económicos com créditos à vara larga. Em contraponto, cortou o crédito aos pequenos e médios empresários, afogando-os em impostos, como fez com a subida do IVA na restauração de 13% para uns assassinos 23% – o que já encerrou dezenas de milhares de estabelecimentos, lançando cem mil pessoas no desemprego.


Tudo isto são decisões políticas que fazem, a bel prazer, as «selecções naturais» que entendem, e são duas: uma, canalizando todos os recursos para os possidentes, outra, cortando todas as vazas aos pequenos e médios, ao mesmo tempo que lhes vampiriza os recursos e a vida.

Desta «selecção natural», por si mesmo concretizada, não fala Passos Coelho. A sua «selecção» é proteger a banca e os grandes grupos económicos. A prova disso? Está no facto de todo o dinheiro até agora vindo da troika ter sido sugado pelos bancos, e nem um cêntimo foi para a economia.


Entretanto, Passos Coelho, com esta férrea convicção do «Portugal no bom caminho», faz lembrar «Pangloss», a personagem do genial «Cândido», de Voltaire, que tinha uma tão férrea convicção de que tudo o que acontecia era obra de Deus e, portanto, imaculadamente bom, que, perante o terramoto de Lisboa e o indiscritível horror de destruição e morte, opinou que «Deus só quer e faz o bem, por isso vivemos nos melhores dos mundos» (cito de memória).

Entretanto, o «Pedro» prossegue a ofensiva implacável contra os alicerces da democracia.

Por isso atenção! O Governo de Passos Coelho revelou-se uma blitzkrieg contra o regime democrático saído da Revolução de Abril: Passos lançou uma «guerra-relâmpago» na forma de uma contra-revolução silenciosa, que está em marcha.

Há que travá-la já! Com a luta, como sempre.


 
 
Fonte: Avante em www.avante.pt
 
 
 
 

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