Afeganistão - Civis abatidos

Afeganistão
Civis abatidos


"Os espectadores ocidentais sentem-se tranquilos ao saberem que a maior parte das mortes de civis não foram deliberadas; e apenas se indignam quando os marines ou soldados atiram manifestamente contra civis matando mulheres e crianças, urinam sobre os corpos e saqueiam partes do seu corpo como troféus. Desde Abu Ghraib, a Faluja, Haditha , e agora Panjwai, as forças norte-americanas têm cometido sempre massacres contra civis. Estes incidentes destacam-se aos olhos dos ocidentais, mas para os Afegãos e os Iraquianos, eles não são nada diferentes da matança diária de civis através de drones, ataques aéreos, urânio empobrecido e balas perdidas.
Digam a uma mãe de Faluja cujos filhos ficaram horrivelmente deformados com armas de urânio, que o sofrimento dos seus filhos foi involuntário, ainda que os efeitos sobre a saúde das armas à base de urânio sejam bem conhecidos. Digam aos sobreviventes de ataques com drones que os seus familiares mortos não eram o alvo e que a sua morte foi uma infeliz consequência da guerra. É a sua dor diferente da do pai, cuja família inteira foi assassinada neste acto de bestialidade mais recente? Se o dano colateral é previsível, se é na verdade uma realidade da guerra como a maioria acredita que é, não é um crime empreender a guerra quando é inevitável matar inocentes?"( Nota do Mafarrico )

Pelo menos dez afegãos, na sua esmagadora maioria mulheres e crianças, morreram na sequência de um bombardeamento realizado pelas forças ocupantes na oriental província de Kunar. O comandante das tropas da NATO, o norte-americano Joseph Dunford, declarou, secamente, que os acontecimentos estão a ser investigados, mas perante a pressão da comunicação social e a vaga de contestação que alastra no território, o general foi obrigado a garantir suspensão do apoio aéreo durante as operações militares levadas a cabo em zonas residenciais.

O massacre sucedeu após a divulgação de um relatório das Nações Unidas no qual se responsabiliza a NATO, e em particular os EUA, pela morte de centenas de crianças afegãs durante a ocupação do país, bem como pelo aumento das vítimas civis na sequência de ataques levados a cabo pela NATO no ano de 2011.

O texto foi prontamente rechaçado quer pelos EUA quer pela estrutura do bloco político-militar imperialista, que rejeitam a acusação de ausência de medidas de contingência para evitar a morte de populares, feita pela ONU.

Nos últimos dias, os afegãos retomaram os protestos de rua contra a ocupação do Afeganistão e os permanentes massacres resultantes de acções de patrulha da NATO, invasões de habitações ou execuções em postos de controlo espalhados pelas diversas províncias. Entre os casos relatados pela comunicação social, referentes a incidentes ocorridos a semana passada, conta-se a morte de um estudante universitário em Wardak e de um outro jovem estudante de medicina em Khost, e de outros cinco civis em Ghazni e Kandahar.


 
 
Fonte: Avante em www.avante.pt
 
 

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