Não esquecer para que não se repita

Judeus do Holocausto nazi clamam por Gaza- Palestina.
Não esquecer para que não se repita
por Cristina Cardoso

"Não esquecer para que não se repita, obriga-nos a uma constante vigilância. A história não se repete, mas tal como aconteceu com o nazi-fascismo, o capitalismo continua a usar a violência, a agressão, a guerra, o terrorismo, incluindo o de Estado, para alcançar os seus objectivos, mesmo que os «reinvente» e «encapote» de outra forma. A par de uma situação internacional cada vez mais tensa, com graves perigos à espreita e marcada pelo crescente militarismo e a proliferação de guerras de agressão, a restrição de liberdades e direitos democráticos a pretexto da segurança intensifica-se."

Em Maio de 2015 comemora-se 70 anos da vitória sobre o nazi-fascismo. Ao longo da década de 1930 e até 1945, os povos enfrentaram as maiores atrocidades que a humanidade já conheceu.

A Alemanha nazi, num ajuste de contas com o desfecho da 1.ª Guerra Mundial e as imposições do Tratado de Versalhes, avançou para a guerra, a ocupação e a morte a fim de afirmar as suas ambições e domínio imperialista. Para além de uma poderosa máquina de guerra, o nazismo levou a cabo uma brutal repressão contra os que lhe resistiam e o massacrou milhões de homens, mulheres e crianças com base na sua etnia, tendo tido nos campos de concentração e de extermínio uma das faces mais negras e hediondas.

Campos de concentração onde desde 1933 – ano em que Hitler ascende ao poder – foram encarcerados e massacrados comunistas e antifascistas, prisioneiros de guerra, judeus, deficientes, homossexuais, ciganos, de todos os estados agredidos pela Alemanha nazi.

Auschwitz, aberto em 1940, tornou-se o maior campo de concentração e de extermínio. Financiado pelo Deutsche Bank para alimentar com escravos a economia nazi, as empresas que ali instalaram unidades de produção exploravam barbaramente a mão-de-obra escrava, descartando os inaptos para a «morte». A esperança média de vida dos prisioneiros sujeitos a jornadas brutais em condições inumanas rondava os três meses. Auschwitz transformou-se na mais terrível «Fábrica da Morte».

Chegaram a ser assassinados 6000 prisioneiros por dia nas câmaras de gás. A falta de condições de higiene e de saúde, a fome, a sobrelotação, a exaustão, as doenças dizimavam milhares. Experiências cruéis eram praticadas sobre os prisioneiros neste e noutros campos de concentração. Estima-se que em Auschwitz tenham sido assassinados mais de 1,1 milhão de mulheres, homens e crianças, a maioria, dos quais, judeus.

A 27 de Janeiro de 1945, o Exército Vermelho encontra um lugar sombrio de onde os nazis tinham fugido perante a iminência da derrota, mas não antes de enviarem 60 mil prisioneiros nas «marchas da morte» para outros campos – onde milhares sucumbiram ou foram fuzilados no caminho – e de destruírem as câmaras de gás procurando apagar uma prova do horror. Quando libertou Auschwitz, o Exército Vermelho encontrou apenas sete mil sobreviventes fustigados pela fome e pela doença.

Este ano, a 27 de Janeiro, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto – proclamado pela ONU – foi assinalado recordando os 70 anos da libertação de Auschwitz.

Ao assinalar-se os 70 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz coloca-se como uma exigência a denúncia e a rejeição da reescrita da história que procura ocultar os crimes do nazi-fascismo e apagar ou desvalorizar o papel determinante da URSS, dos comunistas e dos antifascistas para a Vitória sobre a barbárie nazi-fascista.

A URSS foi alvo da mais brutal agressão da Alemanha Nazi, tendo sofrido mais de 20 milhões de mortos. Na Europa, tal como aconteceu com o povo judaico, os povos da URSS foram igualmente alvo do extermínio em massa nazi-fascista. Mas também foi a União Soviética, o seu povo, com o seu Exército Vermelho, a responsável pelas maiores derrotas infligidas ao exército nazi, mudando o curso da Guerra e levando as forças antifascistas à Vitória.

No ano em que se comemora os 70 anos da Vitória há que afirmar a verdade histórica, recordando a corajosa e heróica luta dos povos na 2ª Guerra Mundial pela libertação do nazi-fascismo e pela Paz, assim como o papel dos comunistas na vanguarda da luta anti-fascista – como aconteceu em França, em Itália ou na Jugoslávia, só para nomear alguns exemplos – dirigindo guerrilhas, frentes de libertação e ao lado do Exército Vermelho.

Não esquecer para que não se repita, obriga-nos a uma constante vigilância. A história não se repete, mas tal como aconteceu com o nazi-fascismo, o capitalismo continua a usar a violência, a agressão, a guerra, o terrorismo, incluindo o de Estado, para alcançar os seus objectivos, mesmo que os «reinvente» e «encapote» de outra forma. A par de uma situação internacional cada vez mais tensa, com graves perigos à espreita e marcada pelo crescente militarismo e a proliferação de guerras de agressão, a restrição de liberdades e direitos democráticos a pretexto da segurança intensifica-se.

Comemorar a libertação de Auschwitz é, tal como há 70 anos, lutar contra a xenofobia, contra o fascismo, pela liberdade, a democracia e a paz, pelo respeito da soberania dos povos e a independência dos estados, pela amizade e cooperação entre todos os povos.

Como há 70 anos, os povos do mundo são soberanos, cabendo-lhes decidir do seu destino.


Fonte: Avante



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