Crimes sionistas

Crimes sionistas
Impunidade condenada
 
 

A vice-Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU considerou inadmissível que os crimes israelitas cometidos na Palestina prossigam sem punição. A declaração foi feita dias depois de se assinalarem os 30 anos do massacre de Sabra e Chatila.


 Durante uma sessão do Conselho dos Direitos Humanos, realizada segunda-feira, na qual Israel não esteve presente em sinal de protesto, Kang Kyung-wha advertiu que as autoridades israelitas têm de adoptar medidas que conduzam ao fim das violações dos direitos humanos dos palestinianos e, simultaneamente, combatam a impunidade que as tem dominado.

A responsável referia-se aos crimes sionistas praticados em 2008 e 2009 durante o ataque militar contra a Faixa de Gaza. «Há quase três anos que este Conselho tomou conhecimento das recomendações da missão de investigação [relatório Goldstein]. No entanto, ainda ninguém foi indiciado», disse, de acordo com a Lusa.



Para Kyung-wha, as sentenças, quando existem, devem também ser proporcionais aos crimes cometidos, o que não acontece, acusou, exemplificando com o caso de um soldado israelita condenado recentemente a 45 dias de cárcere pela morte de duas palestinianas que erguiam uma bandeira branca durante a operação «Chumbo Fundido», na qual, de acordo com as Nações Unidas, pelo menos 1400 palestinianos foram mortos, mais de metade dos quais civis.

O documento apresentado em Genebra criticou ainda a acção impune dos colonos israelitas contra a população palestiniana e as suas respectivas propriedades e meios de subsistência.

O caso paradigmático apresentado ao Conselho dos Direitos Humanos pela vice-Alta Comissária foi a de um ataque com um coktail molotov contra uma família palestiniana da Cisjordânia. Entre as vítimas, que continuam hospitalizadas dada a gravidade dos ferimentos, está uma criança de seis anos.

«Inicialmente, Israel deteve três filhos de colonos, mas ao fim de cinco dias os suspeitos foram libertados mantendo-se em prisão domiciliária», relatou a responsável, citada pela EFE.

Kang detalhou igualmente o caso da família Daraghmeh, residente no Norte da Cisjordânia, que apesar de ter apresentado dezenas de queixas à polícia em resultado do roubo e destruição de 850 oliveiras, e ter sido obrigada a requerer 35 intervenções médicas devido a ataques de colonos, continua a aguardar que as autoridades procurem e castiguem os responsáveis.

Dados da ONU indicam que só entre 1 de Agosto e 11 de Setembro, 426 oliveiras foram destruídas em 25 episódios de violência atribuídos a colonos. A isto acresce a destruição de 465 estruturas de palestinianos na Cisjordânia ou em Jerusalém desde o início deste ano, 136 das quais habitações, provocando a expulsão de quase 700 pessoas.

No dia seguinte à apresentação do relatório, Israel decidiu encerrar durante dois dias todas as entradas e saídas da Faixa de Gaza e Cisjordânia. A justificação é a celebração do… Dia do Perdão (Yom Kippur), a mais importante festividade do calendário judaico.

30 anos de Sabra e Chatila


A denúncia feita perante o Conselho dos Direitos Humanos ocorreu dias depois de se ter assinalado 30 anos sobre o massacre de Sabra e Chatila. Na Palestina, mas também entre as comunidades da diáspora palestiniana, o genocídio ocorrido em Setembro de 1982 durante a invasão israelita do Líbano foi recordado, bem como a impunidade que, deste então, vigora.

No campo de refugiados de Sabra e Chatila terão sido assassinadas entre 800 e 3500 pessoas. O então ministro da Defesa de Israel, Ariel Sharon – que posteriormente ocupou o cargo de primeiro-ministro –, foi considerado «responsável indirecto» pelo massacre. Nunca ninguém foi levado perante a justiça, lamentaram os familiares das vítimas.

Por ocasião dos 30 anos do genocídio, foram também divulgados documentos desclassificados por Israel que indicam que entre Telavive e Washington houve uma comunicação estreita durante os três dias do massacre.

As informações, publicadas pelo New York Times, atestam que o responsável diplomático norte-americano no Líbano, Morris Draper, não estaria totalmente ao corrente da acção dos milicianos protegidos pelo exército israelita, mas, não obstante, terá sido conivente com o prolongamento da ocupação de Beirute por parte das forças armadas sionistas, precisamente por mais 48 horas, isto é, tempo suficiente para a «limpeza» em Sabra e Chatila, como a denominava Sharon.

Na época, foi o próprio secretário de Estado dos EUA, George Shultz, quem admitiu que a administração Regan não havia feito tudo para evitar o massacre, uma vez que, justificou-se, «confiou na palavra de israelitas e libaneses».


 
 
Fonte: Avante
 
 
 

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