Milhares de pessoas participaram nas manifestações da PAME
Milhares de pessoas participaram nas manifestações da PAME
• A manifestação na praça Syntagma, ontem, foi impressionante
• O governo preparou a repressão estatal da manifestação
• A batalha continuará nos locais de trabalho com ainda maior determinação
No momento em que, no Parlamento, os partidos burgueses apelavam ao povo para se submeter, a fim de salvar os monopólios, e se preparavam para votar uma onda de bárbaras medidas antitrabalhadores do 3.º Memorando, dezenas de milhares de grevistas e manifestantes de famílias da classe operária e popular fizeram-se ouvir em todo o país:
"Trabalhador, não deves aceitar esta escravidão moderna, podes abolir todas as leis e patrões". E "Não a sacrifícios a favor da plutocracia, a oligarquia tem de pagar pela crise".
Em Atenas, dezenas de milhares de manifestantes invadiram a Praça Syntagma pelo segundo dia consecutivo
. Depois da PAME cercar o Parlamento, na terça-feira, na quarta-feira à tarde milhares de pessoas de toda a Ática saíram da praça Omonia e encontraram-se no centro de Atenas, com as bandeiras da PAME. Responderam ao apelo de muitas federações setoriais, sindicatos e sindicalistas de classe, unidos nas fileiras da PAME, bem como aos apelos dos trabalhadores independentes e pequenos comerciantes (PASEVE), dos estudantes do MAS e das mulheres do OGE.
A grande manifestação estendeu-se por todas as ruas centrais e praça Syntagma. As palavras de ordem não pararam um segundo e, mesmo durante a chuva torrencial, todos permaneceram e as suas vozes engrossaram: "Estamos aqui, com a luta de classe, porque não podemos viver com 400 euros".
A mobilização da PAME continuou firme contra a operação de intimidação que foi mais uma vez montada. Tratou-se de um plano organizado de violência e repressão selvagem do Estado contra os manifestantes, um plano que a SG do CC do KKE, Aleka Papariga, denunciou na tribuna do Parlamento e destacou, entre outras coisas: " É impossível que esta linha política que está a ser seguida e estas medidas que estão na calha não sejam acompanhadas com a violência do Estado, a repressão e o autoritarismo; mas, graças à resistência do povo, o plano que prevê a intervenção de forças militares, quando há greves, ocupações, etc., não pôde ser implementado. A violência é ainda maior nos locais de trabalho. Vemo-la na Praça Syntagma e denunciamo-la. Mas, nos locais de trabalho, onde é ainda maior, passa aqui despercebida - quando os patrões transportam os trabalhadores contra a sua vontade em autocarros e com a ameaça de despedimento, para começarem o trabalho às 2 horas da manhã, antes da chegada dos piquetes de greve. Não há nenhum comentário sobre isso! Há, infelizmente, uma sensibilidade seletiva na maioria das alas do Parlamento. A violência vai aumentar, sabemos disso muito bem, vocês não são persuasivos sem violência e, deste ponto de vista, a situação é muito grave. Encontrarão pretextos para atacar as manifestações. E se não os encontrarem, criá-los-ão, nós dizemos isto totalmente conscientes da situação."
Perante o amplo uso de gás lacrimogéneo e canhões de água, os manifestantes reforçaram a sua determinação e as suas palavras de ordem.
As forças da PAME permaneceram firmes durante horas, até alta-noite, nas ruas centrais e em torno da Praça Syntagma, apesar da forte chuva. Demonstraram mais uma vez que a luta de classe organizada e bem protegida tem força para esmagar os planos do Estado burguês.
O grupo parlamentar do KKE, no Parlamento, expôs o caráter de classe das medidas, enquanto a SG do CC do KKE mencionou, entre outras coisas: " Em nenhum caso o povo deve apoiar os interesses de uma parte dos grupos empresariais contra outra parte. Isso significaria a derrota do movimento por muitos anos". No seu discurso, a SG do CC do KKE apresentou os seguintes eixos básicos:
• A ofensiva contra o trabalho assalariado, os trabalhadores independentes e os agricultores pobres é uma ofensiva unitária. O governo está a apresentar uma proposta de lei com o desejo de garantir a recuperação da rentabilidade do capital e dos investimentos.
• Atualmente, duas fórmulas políticas lutam entre si. Por um lado, a fórmula do SYRIZA e, por outro, a da ND, com as várias diferenças que o PASOK e a Esquerda Democrática têm. Estas fórmulas são dominantes entre o povo, o que significa que eles estão a levar uma parte do povo a estar junta com uma parte da classe burguesa e outra parte do povo a estar junta com outra parte da classe burguesa.
• Uma saída popular significa a abolição dos monopólios e a saída da UE. Isto significa a derrota do poder político dos monopólios. Sem isto, não há saída da crise a favor do povo.
Deve referir-se que a discussão no Parlamento sobre as novas medidas anti-populares foi realizada no 95 º aniversário da grande Revolução de Outubro. Assim, o primeiro-ministro Samaras, líder do partido de extrema-direita ND, optou por atacar o socialismo que conhecemos com ódio e mentiras, falando de "totalitarismo" e de uma "falta de democracia e investidores". Em qualquer caso, o ataque de Samaras, que recebeu a resposta que merecia dos deputados do KKE, confirma uma coisa: que nas condições da agudização da crise e da podridão do capitalismo, o seu receio do oponente real, o outro caminho de desenvolvimento que começou com a construção socialista do século passado, lhes causa assombração, quer estejam acordados ou a dormir...
A postura do SYRIZA no Parlamento também foi reveladora. Centrando-se em questões processuais e com a sua propaganda sobre o "desvio" da democracia, o SYRIZA apoiou uma fórmula para a gestão do capitalismo, pedindo ao governo para definir " limites claros para a negociação". Demonstrou a sua paixão pela UE quando mencionou que "a linha política da Senhora Merkel é o que nos está a isolar da União Europeia". Na essência, argumentou que uma simples mudança de governo é suficiente para melhorar a vida dos trabalhadores, sem ruturas com a UE e o sistema capitalista.
No final, 153 votaram a favor e, assim, o 3.º Memorando passou. Tendo por base os resultados, foi anunciado que seis deputados do PASOK e um da ND foram expulsos.
Mais mobilizações de militantes terão lugar, de modo a que esta luta, acima de tudo nos locais de trabalho, seja reforçada a partir de hoje, para que cada vez mais trabalhadores possam tornar-se ativos e ser organizados na luta para a derrota da linha política anti-popular. Uma derrota que não será realizada com uma simples greve ou mobilização, mas sim com uma inflexível luta, até que o povo entre numa rutura total com a UE e os monopólios.
Fonte: Pelo Socialismo
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