Jornada histórica mobiliza trabalhadores de 23 países na Europa

Jornada histórica mobiliza trabalhadores de 23 países na Europa
Solidariedade e convergência contra a crise
 
 
Greves e manifestações marcam jornada europeia

Milhões de trabalhadores em pelo menos 23 dos 27 países da União Europeia, mobilizados por cerca de quatro dezenas de centrais sindicais, participaram em diversos protestos, no âmbito da jornada europeia de acção e solidariedade, promovida, anteontem, 14, pela Confederação Europeia de Sindicatos na sequência da greve geral convocada em Portugal pela CGTP-IN.
 


Em Espanha, as duas principais centrais (CCOO e UGT) congratularam-se com a adesão massiva à greve geral nos diferentes sectores público e privado. Com uma adesão global próxima dos 80 por cento, houve sectores em que mais 90 por cento dos trabalhadores fizeram greve.

Os sindicatos salientaram elevados índices de participação nos sectores da siderurgia, química, automóvel, construção civil e recolha de lixo. Os portos estiveram em geral encerrados, com adesões de 100 por cento, nos aeroportos a adesão atingiu 90 por cento, o mesmo se verificando nos transportes rodoviários e ferroviários, quer urbanos quer de longa distância, com excepção dos serviços mínimos impostos por lei.

As grandes fábricas de automóveis da Nissan e da Seat na Catalunha suspenderam a produção, tal como sucedeu na Volkswagen em Navarra, na Opel em Aragão e Ford em Valência.

Segundo dados da Rede Eléctrica Espanhola, citados pelo El País.es, a quebra no consumo de energia destinado à indústria indicou uma diminuição da actividade de 66 por cento logo nas primeiras horas da greve.

Com o país praticamente parado, dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se em pelo menos 111 desfiles e concentrações promovidos pelos sindicatos em quase todas as regiões, sem contar com outras manifestações de carácter espontâneo que se registaram.








Em Itália, onde a CGIL, principal central sindical do país, convocou uma greve geral de quatro horas para o sector privado e de 24 horas em todo o sector público, o dia começou com dezenas de milhares de manifestantes que encheram ruas e praças em pelo menos 87 cidades.

Particularmente enérgicas e participadas foram as manifestações de estudantes que se realizaram em Roma, Turim, Milão ou Florença entre outras.

A principal manifestação promovida pela CGIL teve lugar na cidade de Terni, na Umbria, centro do país, na qual participou a secretária-geral da central, Susanna Camusso.

Também a federação dos Metalúrgicos promoveu uma grande manifestação em Pomigliano, perto de Nápoles, que terminou frente à fábrica da Fiat que está ameaçada de encerramento.

Logo pela manhã, no centro de Nápoles teve lugar uma concentração designada «Uma Praça para a Europa do Trabalho», em que participaram como convidados Laurent Pagnier da CGT de França e Ana Pires da CGTP-IN.








Na Bélgica realizaram-se greves gerais em várias regiões, que tiveram particulares efeitos no sector ferroviário tanto na Flandres como na Valónia. Em Bruxelas, o tráfego ferroviário foi totalmente paralisado por um piquete de greve, que considerou não haver condições de segurança para a circulação das poucas composições que continuavam ao serviço.

As paralisações convocadas pela FGTB perturbaram ainda diversas unidades industriais, transportes colectivos, aeroportos e administrações públicas nas regiões de Liège, Namur, Charleroi e Brabante Valão. Em Liège, mais de cinco mil pessoas manifestaram-se numa acção promovida pela FGTB.

Em Bruxelas decorreu pela manhã uma acção simbólica organizada pela CES e as três centrais belgas junto das embaixadas da Grécia, Portugal, Irlanda e Alemanha, concentrando-se depois junto da sede do Parlamento Europeu, onde estiveram os deputados do PCP, Inês Zuber e João Ferreira.

Em França, o dia foi de manifestações e concentrações em 77 departamentos do país. Ao todo, cinco centrais (CGT, CFDT, FSU, l’UNSA e Solidaires) realizaram cerca de uma centena acções de protesto pelo emprego e contra as políticas de austeridades, emitindo pré-avisos de greve para vários sectores. No início da tarde, um desfile encabeçado por dirigentes das cinco centrais percorreu as ruas do centro de Paris.








Na Grécia, depois da greve de 48 horas realizada na semana passada contra o orçamento para 2013, que prevê novos cortes drásticos na despesa e o despedimento de mais 25 mil funcionários públicos, as maiores confederações sindicais, GSEE e ADEDY, convocaram a partir do meio-dia quatro horas de greve, que foi seguida por mais 50 por cento dos trabalhadores, segundo afirmou à Efe um dirigente da GSEE.

No centro de Atenas, frente ao parlamento, milhares de pessoas voltaram a dizer não à austeridade. Entre as palavras de ordem ouviu-se: «Esta Europa não é dos povos, mas do capital e dos patrões». Outros manifestantes desfraldaram bandeiras da Grécia, Espanha, Portugal, Itália e Irlanda, os países mais atingidos pelo garrote da dívida pública.









Acções importantes tiveram lugar em vários outros países, caso da Alemanha, onde a IG-Metall realizou uma grande concentração em Estugarda, da Lituânia, onde houve uma greve nos transportes organizada pelo sindicato LDS Solidarumas, da Polónia, onde os três grandes sindicatos, OPZZ, Solidarnosc e FZZ, organizaram manifestações em Varsóvia, Gdansk, Katowice e Wroclaw, da Roménia, com manifestações promovidas pelo sindicato Kartel Alfa em Bucareste, Timisoara, Craiova, Constanta e outras cidades, da República Checa, com uma manifestação em Praga convocada pelo sindicato CMKOS, e da Eslovénia, onde o ZSSS organizou um desfile em Ljubljana.

Diversas iniciativas de luta e solidariedade decorreram ainda na Áustria, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Finlândia, Grã-Bretanha, Holanda, Letónia, Luxemburgo, Malta, Suíça e Suécia.

 
 
 
Fonte: Avante
 
 
 
 

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