Federação Sindical Mundial(FSM) - A classe trabalhadora só tem duas opções: continuar a suportar o capitalismo destrutivo ou lutar para o destruir – não há meio-termo nem terceira via – e a FSM opta pela segunda opção.

manifestação de trabalhadores portugueses
Saudação da Federação Sindical Mundial (FSM) ao XII Congresso Nacional da CGTP-IN Por Valentin Pacho – Secretário-geral Adjunto



Os ideólogos do neoliberalismo fizeram crer a muitos que já não havia luta de classes; isto gerou a desideologização e a despolitização de amplos setores sociais, o que originou a proliferação de trânsfugas e oportunistas na política e se repercutiu num setor do movimento sindical, estimulando o sindicalismo reformista e burocracias sindicais, que se prestaram a um jogo duplo e se dedicaram a fazer propaganda sobre a modernização do capitalismo ou do capitalismo com rosto humano. Continuar a acreditar num capitalismo com rosto humano é enganar-se e enganar os demais, porque isso seria como acreditar que o leão se pode converter em vegetariano e isso não é realista.




Caros camaradas da Presidência do XII Congresso da CGTP-IN
Camaradas membros do Conselho Nacional
Camaradas delegados congressistas
Distintos convidados internacionais



Em representação do Secretariado e do Conselho Presidencial, a delegação da FSM – que representa 80 milhões de filiados dos 5 continentes – expressa-vos fraternas saudações e solidariedade de classe ao XII Congresso Nacional da CGTP-IN, a quem deseja muitos êxitos; os seus debates e resoluções serão de grande transcendência para o fortalecimento das lutas do movimento sindical.

A globalização neoliberal conduziu a classe trabalhadora e os povos excluídos a uma encruzilhada – a crise económica global é a crise do sistema capitalista. Os países desenvolvidos, os EUA e a UE suportam hoje as consequências. Os globalizadores neoliberais convocam contínuas cimeiras e conferências dos governos da UE, do BCE, do FMI, do BM, da OMC, do G-8, do G-20, dos fóruns anuais de Davos, etc. para solucionar a crise, segundo eles, mas a crise continua a aprofundar-se – estamos à beira da recessão mundial.

A atual crise, que ressurgiu em 2008 no coração do imperialismo, os EUA, é a continuação das anteriores crises que chocaram o mundo, como a crise do México, de 1994-1995 (efeito tequila), a crise asiática (os tigres asiáticos), de 1997-1998, a crise da Rússia, de 1998 (durante o governo Yeltsin), do Brasil (efeito samba), de 1999, da Argentina, de 2000-2001. Sobre as crises, já em 1847 Karl Marx deu uma explicação científica – são crises cíclicas do sistema capitalista, que seriam repetidas, cada vez mais profundas e difíceis de superar, devido à acumulação da riqueza em poucas mãos.

Mas também nos encontramos perante uma crise de produtos alimentares, energética e ambiental; destroem-se os ecossistemas e a biodiversidade – crise de valores – e lançam-se guerras imperialistas encabeçadas pela administração norte-americana e pelos governos da UE.

Os grandes beneficiários desta crise foram as corporações transnacionais industriais, financeiras e especuladoras; enquanto que os grandes perdedores e sacrificados foram os trabalhadores e os povos excluídos. O estado de bem-estar dos países desenvolvidos esfumou-se e a chamada classe média extingue-se aceleradamente. O chamado Modelo Social Europeu transformou-se numa miragem, porque os governos da UE, servis ao grande capital, estão a impor medidas antissindicais, antilaborais, cortes salariais – em suma, estão a anular as conquistas sociais históricas dos trabalhadores europeus. Estas mesmas medidas foram aplicadas pelos outros governos neoliberais dos países do Terceiro Mundo na década de 90 do século passado.

Caros camaradas,

Encontramo-nos numa sociedade que está dividida em classes sociais e, portanto, a Luta de Classes no mundo está mais acesa que nunca. Os ideólogos do neoliberalismo fizeram crer a muitos que já não havia luta de classes; isto gerou a desideologização e a despolitização de amplos setores sociais, o que originou a proliferação de trânsfugas e oportunistas na política e se repercutiu num setor do movimento sindical, estimulando o sindicalismo reformista e burocracias sindicais, que se prestaram a um jogo duplo e se dedicaram a fazer propaganda sobre a modernização do capitalismo ou do capitalismo com rosto humano. Continuar a acreditar num capitalismo com rosto humano é enganar-se e enganar os demais, porque isso seria como acreditar que o leão se pode converter em vegetariano e isso não é realista. Inclusivamente, essas burocracias sindicais apoiam o bombardeamento da NATO ao povo da Líbia.

Nesse contexto, os nossos inimigos de classe almejavam o desaparecimento da FSM; mas estamos aqui, com a força moral de não ter caído no oportunismo, mantendo bem alto os princípios de classe e reiterando que o sindicalismo de classe não pode ser neutral no debate ideológico e político – é importante fortalecer a consciência de classe e elevar a consciência revolucionária na militância sindical; só assim se pode ganhar força, confiança e esperança para desenvolver um sindicalismo com dinâmica social; porque os trabalhadores e os jovens querem lutar, como o demonstram as grandes ações de luta e mobilizações realizadas o ano passado e este ano na Europa, Ásia, América, África e Médio Oriente. Mas o objetivo das lutas com as forças progressistas deve ser pela transformação social, para destruir desde as suas fundações o sistema capitalista.

Por isso, a FSM não compartilha das posições confusionistas que, em vez de assumirem a luta de classes, optaram pelo chamado diálogo social – através do qual fazem pactos, mas para ceder direitos e conquistas sociais dos trabalhadores e assim legitimar as políticas neoliberais dos governos conservadores ou social-democratas.

A classe trabalhadora só tem duas opções: continuar a suportar o capitalismo destrutivo ou lutar para o destruir – não há meio-termo nem terceira via – e a FSM opta pela segunda opção. Os factos estão a demonstrar que no mundo sindical há duas estratégias, duas linhas diferentes. A FSM está na linha do sindicalismo de classe e de luta, anticapitalista e anti-imperialista.

Neste contexto, reiteramos a Solidariedade militante da FSM à combativa CGTP-IN, uma central sindical com história e trajetória honrosas na defesa dos trabalhadores e do povo de Portugal, respeitada pelo movimento sindical internacional.

A nossa solidariedade também com a luta do povo palestiniano, pelo seu direito a um Estado independente. Pela retirada das forças militares de Israel dos territórios árabes ocupados. A nossa solidariedade com a Revolução Cubana e a libertação dos 5 presos lutadores antiterroristas cubanos nos cárceres dos EUA. A nossa solidariedade com os povos do Iraque e do Afeganistão. Não mais guerras imperialistas e que os EUA, a UE e demais países capitalistas reduzam os gastos militares e se reconvertam esses recursos em investimento produtivo, para criar emprego.

A hegemonia do imperialismo – com a sua NATO, que invade e ameaça todos os dias nações soberanas – não será eterna, cairá mais cedo ou mais tarde; já o povo do Vietname demonstrou ao mundo que o imperialismo não é invencível – hoje, à frente do nariz do imperialismo, está a Revolução Cubana a resistir ao bloqueio e agressões que duram há mais de meio século. O nosso inteiro apoio ao processo de mudanças progressistas na Venezuela e em vários países da América Latina.



VIVA O XII CONGRESSO NACIONAL DA CGTP-IN !

VIVA O INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO !




Publicado originalmente no sítio pelosocialismo.net



O Mafarrico Vermelho

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