Arraia Miúda
Arraia Miúda
Por Filipe Diniz
Jornal Avante- Portugal
Lisboa, 1383: «levantaram[-se] os povos [em Lisboa e] em outros lugares, sendo grande o cisma e a divisão entre os grandes e os pequenos. Ao qual ajuntamento dos pequenos povos, que assim então se juntava, chamavam naquele tempo arraia-miúda.»
Hoje como antes a classe dominante contrapõe os seus privilégios aos direitos dos trabalhadores e do povo, alia-se ao estrangeiro contra o interesse nacional. Costuma esta gente repetir que «Portugal não é a Grécia». Mas as políticas contra os respectivos povos são as mesmas, e os seus resultados serão inevitavelmente os mesmos. E há já dados na situação portuguesa que mesmo nessa comparação ressaltam negativamente. O número de indivíduos em famílias afectadas no seu conjunto pelo desemprego aumentou na Grécia 1,5% entre 2005 e 2010. Em Portugal aumentou 44%(3).
O povo levanta-se novamente em massa perante este rumo de desastre. Encheu o Terreiro do Povo. Prosseguirá a luta até vencer.
(1) Fernão Lopes, “Crónica de D. João I”, em
(2) Álvaro Cunhal, “As lutas de classes em Portugal nos fins da Idade Média”, Ed. Estampa, 1975, p.38
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Por Filipe Diniz
Jornal Avante- Portugal
Lisboa, 1383: «levantaram[-se] os povos [em Lisboa e] em outros lugares, sendo grande o cisma e a divisão entre os grandes e os pequenos. Ao qual ajuntamento dos pequenos povos, que assim então se juntava, chamavam naquele tempo arraia-miúda.»
[…] «E os pequenos aos grandes, depois que cobraram coração e se juntavam todos num, chamavam-lhes traidores cismáticos, que estavam da parte dos castelhanos para darem o reino a de quem ele não era.
[…] Era maravilha de ver que tanto esforço Deus punha neles, e tanta cobardice nos outros, que os castelos que os antigos reis, permanecendo sobre eles por longos tempos, não podiam à força de armas tomar, os povos miúdos, mal armados e sem capitães, com os ventres ao sol, antes do meio-dia os filhavam por força.(1)»
Entre os antecedentes do levantamento da «arraia-miúda», encontrava-se a circular de 3 de Janeiro de 1349 (Afonso IV) cujas primeiras medidas eram o arrolamento […] dos indivíduos obrigados a trabalhar por conta alheia; a fixação do preço da força de trabalho (taxas); sanções penais para quem desrespeitasse as taxas (ou seja, quem pagasse acima delas); a obrigatoriedade de o criado trabalhar todo o ano para o senhor, se este necessitasse dos seus serviços para além do contrato(2).
Hoje como antes a classe dominante contrapõe os seus privilégios aos direitos dos trabalhadores e do povo, alia-se ao estrangeiro contra o interesse nacional. Costuma esta gente repetir que «Portugal não é a Grécia». Mas as políticas contra os respectivos povos são as mesmas, e os seus resultados serão inevitavelmente os mesmos. E há já dados na situação portuguesa que mesmo nessa comparação ressaltam negativamente. O número de indivíduos em famílias afectadas no seu conjunto pelo desemprego aumentou na Grécia 1,5% entre 2005 e 2010. Em Portugal aumentou 44%(3).
O povo levanta-se novamente em massa perante este rumo de desastre. Encheu o Terreiro do Povo. Prosseguirá a luta até vencer.
(1) Fernão Lopes, “Crónica de D. João I”, em
(2) Álvaro Cunhal, “As lutas de classes em Portugal nos fins da Idade Média”, Ed. Estampa, 1975, p.38
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Fonte: Jornal Avante
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