não se pode combater o terror com mais terror

Injustiças e desigualdades geram terrorismo


Reagindo ao anúncio da morte de Bin Laden, o gabinete de imprensa do PCP emitiu uma nota na qual sublinha que desde sempre condenou «todas e quaisquer formas de terrorismo, seja o de Bin Laden e da Al-Qaeda, seja o terrorismo de Estado», e «reafirma que o terrorismo é inseparável, na sua base, das injustiças e desigualdades no mundo».

Para os comunistas portugueses, «o anúncio, por parte do Presidente dos EUA, da morte de Bin Laden, não pode continuar, a pretexto do combate ao terrorismo, a justificar guerras de ocupação e agressão».

De acordo com o governo norte-americano, Bin Laden terá sido morto, domingo, na sequência de uma operação das forças especiais na sua mansão, situada a 50 quilómetros de Islamabad. As autoridades do Paquistão não admitiram ainda conhecimento prévio ou envolvimento na operação.

O corpo de Bin Laden terá sido enviado para o porta-aviões Carl Vinson, donde foi atirado para o mar. As autoridades de Washington não revelaram ainda qualquer prova da morte do líder da Al-Qaeda, no entanto, dizem deter amostras de ADN que confirmam a sua identidade.

Em face da morte do saudita, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que «foi feita justiça».

Vozes críticas quanto ao método usado pelos EUA, ouviram-se da parte da Venezuela, para quem «não se pode combater o terror com mais terror». O ministério dos Negócios Estrangeiros do governo bolivariano acrescentou que «este sombrio personagem, treinado e armado por agências de inteligência norte-americanas, virou as suas práticas terroristas contra os Estados Unidos, convertendo-se no melhor pretexto para desencadear a guerra que hoje prossegue contra os povos do Iraque e Afeganistão».

No mesmo sentido, o Partido Comunista da Índia (marxista), advertiu que «o terrorismo de Estado e o terrorismo fundamentalista alimentam-se um ao outro», e nota que «a recente intervenção militar na Líbia e a continuação da guerra no Afeganistão mostram que os EUA não aprenderam as lições do passado».

Líderes islâmicos manifestaram-se, por seu lado, chocados pelo corpo de Bin Laden ter sido atirado ao mar, e salientaram que, contrariamente ao que afirmam os EUA, essa é uma prática que confronta as cerimónias fúnebres daquela comunidade, podendo gerar revolta entre os fiéis.

Fonte: Avante!

Comentários

  1. A intrigante (e oportuna) morte de Bin Laden (PARTE)

    Os EUA procuram desesperadamente meios e modos para mitigar o isolamento regional de Israel, no contexto dos levantes populares no Oriente Médio.

    Por M K Bhadrakumar, Strategic Review
    Tradução do Coletivo Vila Vudu

    Considerem a ironia da coisa. Osama bin Laden foi finalmente apanhado, não em áreas selvagens e sem lei do Afeganistão, mas na aprazível cidade de Abbottabad, a menos de 50 quilômetros de distância dos quartéis militares em Rawalpindi. Desde os tempos da colonização britânica, Abbottabad é tradicionalmente cidade de alta concentração de militares aposentados. Há ali uma base da Segunda Divisão Norte do Exército do Paquistão. A casa de Bin Laden, de dois andares, com muros de mais de 3m de altura no distrito residencial de Abbottabad, a poucas centenas de metros de um quartel, tem todas as características de “casa de segurança” da inteligência do Paquistão.

    ÍNTEGRA O TEXTO EM:

    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/a-intrigante-e-oportuna-morte-de-bin-laden.html

    ResponderExcluir
  2. Fêz-se vingança, não justiça
    por Leonardo Boff

    Alguém precisa ser inimigo de si mesmo e contrário aos valores humanitários mínimos se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque. Mas é por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado ele mesmo num Estado terrorista. Foi o que fez Bush, limitando a democracia e suspendendo a vigência incondicional de alguns direitos, que eram apanágio do pais. Fez mais, conduziu duas guerras, contra o Afeganistão e contra o Iraque, onde devastou uma das culturas mais antigas da humanidade nas qual foram mortos mais de cem mil pessoas e mais de um milhão de deslocados.

    Cabe renovar a pergunta que quase a ninguém interessa colocar: por que se produziram tais atos terroristas? O bispo Robert Bowman de Melbourne Beach da Flórida que fora anteriormente piloto de caças militares durante a guerra do Vietnã respondeu, claramente, no National Catholic Reporter, numa carta aberta ao Presidente:”Somos alvo de terroristas porque, em boa parte no mundo, nosso Governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos de terroristas porque nos odeiam. E nos odeiam porque nosso Governo faz coisas odiosas”.

    Não disse outra coisa Richard Clarke, responsável contra o terrorismo da Casa Branca numa entrevista a Jorge Pontual emitida pela Globonews de 28/02/2010 e repetida no dia 03/05/2011. Havia advertido à CIA e ao Presidente Bush que um ataque da Al Qaeda era iminente em Nova York. Não lhe deram ouvidos. Logo em seguida ocorreu, o que o encheu de raiva. Essa raiva aumentou contra o Governo quando viu que com mentiras e falsidades Bush, por pura vontade imperial de manter a hegemonia mundial, decretou uma guerra contra o Iraque que não tinha conexão nenhuma com o 11 de setembro. A raiva chegou a um ponto que por saúde e decência se demitiu do cargo.

    Mais contundente foi Chalmers Johnson, um dos principais analistas da CIA também numa entrevista ao mesmo jornalista no dia 2 de maio do corrente ano na Globonews. Conheceu por dentro os malefícios que as mais de 800 bases militares norte-americanas produzem, espalhadas pelo mundo todo, pois evocam raiva e revolta nas populações, caldo para o terrorismo. Cita o livro de Eduardo Galeano “As veias abertas da A.Latina” para ilustrar as barbaridades que os órgãos de Inteligência norte-americanos por aqui fizeram. Denuncia o caráter imperial dos Governos, fundado no uso da inteligiência que recomenda golpes de Estado, organiza assassinato de líderes e ensina a torturar. Em protesto, se demitiu e foi ser professor de história na Universidade da Califórnia. Escreveu três tomos “Blowback”(retaliação) onde previa, por poucos meses de antecedência, as retaliações contra a prepotência norte-americana no mundo. Foi tido como o profeta de 11 de setembro...

    ÍNTEGRA DO TESTO EM: http://leonardoboff.wordpress.com/2011/05/05/fez-se-vinganca-nao-justica/


    (Leonardo Boff é autor de Fundamentalismo, terrorismo, religião e paz, Editora Vozes / 2009)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O complexo militar industrial e a energia nuclear

Tortura nas prisões colombianas: sistematismo e impunidade revelam uma lógica de Estado

Guerra na Ucrânia - Combates em toda a linha