É um dever lutar pelo socialismo

A luta pelo socialismo deverá ser uma arma poderosa nas mãos da classe trabalhadora
ENCONTRO COMUNISTA EUROPEU 2011



Discurso de encerramento de GiorgiosMarinos, membro da CP do CC do KKE

Só existe um caminho, por muito difícil que seja. O derrube do capitalismo, a tomada do poder pela classe trabalhadora, a socialização dos meios de produção concentrados, a planificação central; o mesmo é dizer, a constituição dos meios socialistas de produção, que impulsionará as forças produtivas e porá fim à exploração. Só assim será salvaguardado o direito de todos ao trabalho e à satisfação das suas necessidades básicas. O processo de construção do Socialismo na União Soviética e noutros países socialistas demonstram-no.




Agradecemos, fraternalmente, aos Partidos Comunistas que responderam ao convite do KKE neste importante Encontro, apelando aos camaradas para que estudem e utilizem as experiências, quer as negativas quer as positivas, aqui partilhadas, para que, desta forma, possamos dar um passo em frente: intensificar esforços de modo a que, a nossa estratégia e tácticas sejam adequadas às exigências da luta de classes, ultrapassando as dificuldades e disponibilizando todos os meios para organizar a luta dos trabalhadores contra o sistema capitalista que os explora, de forma a reverter a barbárie que os povos tem vivenciado.

Temos responsabilidades históricas e estas não se compadecem com a crise que o movimento comunista tem enfrentado.

Podemos lidar com a crise do movimento comunista se, com base na nossa ferramenta, a teoria Marxista-Leninista, delinearmos uma estratégia revolucionária e erguermos uma forte barreira ideológica contra o oportunismo e a socialdemocracia, que têm tentado dificultar a acção do movimento comunista na concentração de forças dos trabalhadores e dos povos e no desenvolvimento da luta de classes e da luta pelo socialismo.

É óbvio que não estamos a fazer um resumo deste debate. Não podemos resumir o debate de um Encontro em que foram feitas análises diferentes sobre importantes assuntos. Estamos apenas a destacar algumas reflexões para posterior discussão.

O Capitalismo é cada vez mais perigoso

É necessário que entendamos a situação tal qual ela é e, persistentemente, analisemos as nossas discordâncias, a partir da nossa teoria, o Marxismo-Leninismo, que se mantém contemporânea e intemporal, pois se baseia no estudo profundo das regras da sociedade e fornece as respostas do ponto de vista dos interesses da classe trabalhadora.

Independentemente do que vários partidos políticos afirmam, décadas de experiência mostram-nos a sua indiscutível objectividade.

O Capitalismo, na sua fase superior – o Imperialismo –, torna-se cada vez mais perigoso, intensifica a exploração e origina crises e injustas guerras imperialistas. É o que vivemos hoje em dia. Todas as formas de gestão do sistema foram testadas. O liberalismo, o neoliberalismo, a socialdemocracia. Políticas económicas de centro-esquerda e de centrodireita foram testadas, mas a exploração foi intensificada, o desemprego aumentou e as necessidades básicas do povo não foram satisfeitas.

Crises e guerras irrompem para sustentar a ideia de que são as políticas liberais e neoliberais as responsáveis pelos problemas dos povos e das crises, distorcendo a realidade para branquear a socialdemocracia e o sistema capitalista. A crise está a abanar o capitalismo. Se os problemas se devessem ao sistema, a políticas erradas e incompetência, os capitalistas e os seus representantes teriam encontrado várias soluções.

O problema é mais profundo. A crise é a agudização da contradição central do capitalismo, a contradição entre o carácter social da produção e do trabalho e a apropriação capitalista dos resultados deste processo. Porque os meios de produção estão nas mãos dos capitalistas, porque o sistema está em desenvolvimento com base no lucro e a anarquia impera na produção.

A mais-valia, a acumulação e sobre-acumulação de capital são gerados na produção. O cancro nasce no sistema central e cria metástases no sistema circulatório e noutras partes do corpo.

Alguns camaradas dizem: “queremos acabar com o desemprego, queremos trabalho para toda a gente, educação e saúde verdadeiramente gratuitas, salários e pensões dignas.” Manifestam um desejo. Mas como é que atingiremos tais objectivos? Permitam-nos afirmar que, mesmo que aumentasse a taxa do desenvolvimento capitalista, a riqueza produzida pelos trabalhadores continuaria a ser transformada em lucro para os capitalistas, como acontece desde sempre. A economia grega, a economia de dezenas de Estados capitalistas tiveram um alto índice de desenvolvimento no período anterior. As economias da Turquia, Índia, China e Brasil têm-se desenvolvido muito rapidamente. Mas a exploração, o desemprego e a pobreza mantêm-se. Quem tem ganho são os grupos monopolistas.

É um dever lutar pelo socialismo

Como conseguiremos sair deste círculo vicioso? Como conseguiremos ultrapassar esta situação? Só existe um caminho, por muito difícil que seja. O derrube do capitalismo, a tomada do poder pela classe trabalhadora, a socialização dos meios de produção concentrados, a planificação central; o mesmo é dizer, a constituição dos meios socialistas de produção, que impulsionará as forças produtivas e porá fim à exploração.

Só assim será salvaguardado o direito de todos ao trabalho e à satisfação das suas necessidades básicas. O processo de construção do Socialismo na União Soviética e noutros países socialistas demonstram-no. Este contributo histórico não pode ser negado só porque o socialismo foi derrubado pela contrarrevolução. É um facto que não vivemos uma fase revolucionária. No entanto, tal não significa que não nos estejamos a preparar com todas as nossas forças.

Intervimos em todas as frentes com firmeza ideológica e política, nas acções de massas, para que a luta pelo poder e a luta pelo socialismo sejam uma poderosa arma nas mãos da classe trabalhadora, das camadas populares e da juventude. Este é o nosso dever. É este o caminho que o KKE vem trilhando. Esta luta, apesar das dificuldades, tem envolvido e mobilizado milhares de trabalhadores, constituído organizações nas fábricas, nos locais de trabalho e ampliado a actividade da Juventude Comunista, fortalecendo o movimento com orientação de classe.
Construímos os alicerces para a aliança social entre a classe operária, os pequenos e médios agricultores, os trabalhadores por conta própria, os movimentos de jovens e das mulheres.

Se encararmos o socialismo como uma meta a atingir a médio ou a longo prazo, deixamos o campo aberto às forças do capital para desenvolverem a sua estratégia de manipulação da classe trabalhadora e das forças populares, para perpetuar a o sistema de exploração.

Ao encarar este factor subjectivo, a percepção da necessidade de resolver a contradição entre o capital e o trabalho são tarefas urgentes para os comunistas. Este objectivo fortalecerá a luta pelos salários, pensões, saúde, assistência social, educação, liberdade democrática, soberania, o conflito com a NATO e a UE, questões que não podem ser desligadas da luta pelo socialismo.

Esta meta determina o conteúdo das reivindicações, os objectivos da luta, a politica de alianças, de forma a unir e preparar a classe trabalhadora e as forças populares na luta pela tomada do poder e pelo fim da exploração do homem pelo homem, principal razão da existência dos partidos comunistas.

Teoria Marxista-Leninista, uma ferramenta indispensável

Existem várias abordagens a algumas importantes questões:

Primeira: o défice e a dívida são o resultado da linha política dos governos burgueses que concedem isenções e incentivos fiscais ao grande capital, o financiam ou gastam grandes somas em armamento da NATO e na sua participação nos planos imperialistas. Os povos não são, de todo, responsáveis, não devem aceitar serem eles a pagar, não devem ficar amarrados ao dilema “renegociação da dívida ou não” ou aceitar que devem pagar em mais ou menos prestações. Pelo contrário, baseados na experiência da dívida e do défice que se expandem nas condições da crise, devemos destacar a questão crucial da luta por mudanças radicais.

Segunda: Podem as características dos bancos e do Banco Central Europeu modificar-se? É como falar da mudança da natureza exploradora do capital, do próprio capitalismo. É utópico e nada tem a ver com os interesses do povo.

Terceira: Podemos hoje falar em colonialismo? Objectivamente não tem fundamento. É claro que existe um desenvolvimento desigual, é claro que existem relações desiguais entre Estados, mas os Estados burgueses estão bem alicerçados e as classes burguesas exercem o poder. O imperialismo é um sistema onde cada capitalista ocupa a sua posição de acordo com o seu poder económico, político e militar, numa luta incansável pela promoção dos interesses dos monopólios, que se manifesta através das contradições inter-imperialistas.

Quarta: Temos as nossas próprias ferramentas para analisar os acontecimentos, temos a teoria Marxista-Leninista e não podemos pedir emprestadas as ferramentas sociaisdemocratas como as teorias sobre a divisão “Norte-Sul” ou o “bilião de ouro”, que escondem a verdadeira contradição de classe entre o capital e o trabalho. Depois de todas as concessões feitas pelo capital nos países capitalistas desenvolvidos, a realidade é que se mantém um alto nível de exploração da classe trabalhadora.

Quinta: Existe uma grande discussão sobre a esquerda. Permitam-nos dizer que este conceito não tem qualquer significado se isolado da prática, da posição de cada partido face ao imperialismo e aos monopólios. Porque uma força política que apoia a imperialista UE, as guerras imperialistas (ex: hoje na Líbia, antes na Jugoslávia) não pode servir os interesses do povo. Os interesses do povo não podem ser servidos por forças políticas que dissimulam a contradição entre capital e trabalho, que está na base do domínio capitalista sobre os meios de produção, que engana os trabalhadores sobre as causas da crise capitalista e que fomenta a ilusão de que o capitalismo é o único caminho. Estas observações têm a ver com o partido da Esquerda Europeia, os partidos socialdemocratas e partidos oportunistas contra os quais devemos fortalecer a luta político-ideológica.

Temos muito trabalho pela frente

Temos muito trabalho para fazer:

· Temos de fortalecer a luta contra a injusta e imperialista guerra na Líbia.

· Temos de fortalecer o esforço dos comunistas que intervêm nos Sindicatos e organizam a luta dos trabalhadores; devemos organizar uma ampla intervenção política para o 1º de Maio. Temos de apoiar a FSM, que realizou com êxito o seu 16º Congresso em Atenas.

· Devemos reforçar a frente contra a UE e o “Pacto para o Euro”.

· O KKE continuará a trabalhar com todas as suas forças para o fortalecimento do movimento comunista numa base revolucionária, continuará a apoiar a Revista Comunista Internacional e irá preparar o melhor possível o Encontro Internacional de Partidos Comunistas, que se realizará em Atenas, no final do ano.

FONTE: PELO SOCIALISMO


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