O grande patrão capitalista

O grande patrão capitalista
por Jorge Messias

 
"Assim, pouco interessa extinguir a fome no mundo. Pelo contrário, importa acrescentá-la. A fome deve continuar a ser considerada como um espantoso negócio do século XXI. "
«A crise do Vaticano faz parte da crise do sistema capitalista… O Vaticano está muito longe do Céu e muito perto dos pecados terrenos, sobretudo dos que são cometidos pelos sectores mais reaccionários da direita mundial... Com a ascensão do neoliberalismo, nos anos 80, a ultradireita do Opus Dei cresceu apoiando as ditaduras mais tenebrosas… Francisco Bergoglio irá tentar uma “saída pela esquerda”, mas isso não será solução!» (Vatileaks, Net, 22.3.013).
 
 
«As crises alimentares são propícias a que aqueles agentes que possuem capacidade de produzir e distribuir comida possam consolidar e fazer alastrar a sua área de influência. Podemos verificar esta mesma tendência em Portugal, desde o começo da crise económica de 2008. Neste contexto, identificamos uma trindade de agentes que beneficiam com a fome: primeiro, o próprio Estado e a União Europeia; segundo, a Igreja Católica e as suas ordens religiosas; finalmente, os grandes vendedores de produtos alimentares» (João Silva Jordão, “Quem ganha com a fome em Portugal ?”).
 
 
«A democracia política está a ser duramente atingida… A nível do poder é cada vez maior a submissão aos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros subordinados à estratégia das grandes potências, cujos centros de decisão são cada vez mais opacos... Perante as chagas do capitalismo que traduz os interesses de uma minoria exploradora, a alternativa é o socialismo… a luta é o caminho!» (Democracia e Socialismo – um projecto para o Século XXI – PCP, XXVI Congresso, ano 2000). 
 
 
Um olhar menos atento ao agronegócio poderia conduzir-nos a pensar que se trata apenas de mais uma grande operação financeira do neocapitalismo trapaceiro que vemos irromper por todo o mundo. Nada de menos exacto.

Mesmo no plano da posse da terra, esta estratégia capitalista ultrapassa o limite da simples reactivação da propriedade feudal. Irrompe, como um tsunami, nas áreas que convergem, sobretudo, na agricultura (por exemplo, a bioquímica dos fertilizantes, as energias alternativas ou a caça e o turismo); privilegia contactos com os grupos argentários mais empenhados nos negócios do ensino, da saúde ou da economia social; e cultiva e estreita laços com um número seleccionado de sociedades secretas e de forças que dominam (é este o significado do chavão arco da governação) as bolsas de valores e os centros políticos de decisão.

Depois há por aí, algures, um impreciso governo sombra que introduz outros decisores (ainda que sem nada terem a ver directamente com agricultura) nos meandros do agronegócio. Uma rede liga a outra rede, esta a uma terceira, e outra e outra... por aí adiante.

A ter sucesso, as estratégias do agronegócio revelar-se-iam como um autêntico paradigma global, um modelo da globalização. E, se assim fosse, daria um sinal de que a reacção avança e se consolida a contra-revolução corporativa ou seja, o fascismo.

No caso português, o ressurgimento do latifúndio pouco significado pode ter para a internacional capitalista. Basta olhar-se para os 89 000 km2 do nosso território, comparando-os com os 8 514 880 km2 de terra arável disponíveis no Brasil ou nos 2 780 000 acres de solos, em grande parte ao abandono, que a Argentina tem para oferecer. Terras que, quando tratadas com produtos químicos adequados – os trangénicos – poderão dar duas ou mais colheitas anuais. Há muito para especular, comprar e vender com altos lucros.

Assim, pouco interessa extinguir a fome no mundo. Pelo contrário, importa acrescentá-la. A fome deve continuar a ser considerada como um espantoso negócio do século XXI.

O terceiro mundo alberga, aproximadamente, um bilião e 345 milhões de pobres esfomeados. Muitos irão sem dúvida morrer, mas na verdade também não é preciso tanta gente para lançar as bases dos futuros mercados. Portugal interessa às grandes fortunas da Nova Ordem mundial, em fase de transição, como ponta de lança de sociedades do lucro e do conhecimento, ainda em gestação. O Vaticano, ainda que misticamente em queda livre, coloca as suas alas mais reaccionárias ao serviço dos políticos corruptos e das suas poderosas organizações. Julga enganar as massas mas engana-se…

Nos nossos dias, já o rei vai nu !



Avante


Mafarrico Vermelho

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