O saque imperialista das riquezas de África
O saque imperialista das riquezas de África
por Carlos Lopes Pereira
O imperialismo planeia dominar os países do Norte de África e desestabilizar a região e todo o continente de forma a perpetuar a pilhagem das riquezas africanas.
A agressão da NATO à Líbia (produtor de petróleo), a intervenção da França no Mali (ouro e urânio), a construção de uma base militar dos EUA no Níger (urânio) e o «cerco» à Argélia (petróleo e gás) são peças dessa estratégia que visa, face à crise do capitalismo mundial, intensificar a exploração dos trabalhadores e o saque dos recursos naturais africanos.
O jornalista Dan Glazebrook, que escreve em jornais como The Guardian, The Independent ou The Morning Star, publicou um artigo no Al-Ahram Weekly (http://weekly.ahram.org.eg), do Cairo, denunciando esta conspiração.
Começa ele por recordar que o Ocidente drena todos os anos de África milhares de milhões de dólares em pagamentos do «serviço da dívida», em lucros de investimentos e em empréstimos ligados a esquemas de corrupção de sectores das burguesias nacionais.
Outra via de dominação da África é o saque das suas riquezas minerais. É apontado o caso do Congo, onde, no Leste, bandos armados – controlados pelos vizinhos Uganda, Ruanda e Burundi, por sua vez apoiados por potências ocidentais – patrocinam o roubo de minérios e a sua venda a empresas estrangeiras.
A África financia ainda as classes dominantes ocidentais através dos baixos preços das matérias-primas e dos miseráveis salários pagos aos trabalhadores que as extraem ou cultivam.

por Carlos Lopes Pereira
"O Império não tolerou as propostas da UA no sentido de um processo de integração africana. Depois de justificar a agressão à Líbia com «um pacote de mentiras ainda maior do que o que servira de pretexto para a invasão do Iraque» – como escreve Glazebrook –, a NATO destruiu o país, reduziu-o «à condição de mais um estado africano falhado» e «facilitou a tortura e o assassinato de Khadafi», assim se libertando de um seu opositor."
O imperialismo planeia dominar os países do Norte de África e desestabilizar a região e todo o continente de forma a perpetuar a pilhagem das riquezas africanas.
A agressão da NATO à Líbia (produtor de petróleo), a intervenção da França no Mali (ouro e urânio), a construção de uma base militar dos EUA no Níger (urânio) e o «cerco» à Argélia (petróleo e gás) são peças dessa estratégia que visa, face à crise do capitalismo mundial, intensificar a exploração dos trabalhadores e o saque dos recursos naturais africanos.
O jornalista Dan Glazebrook, que escreve em jornais como The Guardian, The Independent ou The Morning Star, publicou um artigo no Al-Ahram Weekly (http://weekly.ahram.org.eg), do Cairo, denunciando esta conspiração.
Começa ele por recordar que o Ocidente drena todos os anos de África milhares de milhões de dólares em pagamentos do «serviço da dívida», em lucros de investimentos e em empréstimos ligados a esquemas de corrupção de sectores das burguesias nacionais.
Outra via de dominação da África é o saque das suas riquezas minerais. É apontado o caso do Congo, onde, no Leste, bandos armados – controlados pelos vizinhos Uganda, Ruanda e Burundi, por sua vez apoiados por potências ocidentais – patrocinam o roubo de minérios e a sua venda a empresas estrangeiras.
A África financia ainda as classes dominantes ocidentais através dos baixos preços das matérias-primas e dos miseráveis salários pagos aos trabalhadores que as extraem ou cultivam.
Em suma, o capitalismo impõe ao continente africano o papel de fornecedor de matérias-primas e mão-de-obra baratas. E, para que esta situação se mantenha, procura assegurar que a África continue pobre e dividida, flagelada por golpes e guerras.
Segundo Glazebrook, a criação em 2002 da União Africana (UA), dinamizada por Muammar Khadafi, preocupou os estrategas ocidentais.
Para Washington, Londres e Paris era inaceitável o plano da UA de criação do Banco Central Africano e de uma moeda única. Era inaceitável a criação do Fundo Monetário Africano. E, sobretudo, era inaceitável a decisão da UA, em 2004, de elaborar a Carta de Defesa e Segurança Comum Africana. E a decisão, em 2010, de avançar com uma força militar unificada.
Nessa altura, face ao seu declínio económico e à «ameaça» da China, os EUA já tinham traçado planos para recolonizar a África.
Em 2008 surgiu o Africom, comando militar que o presidente G. W. Bush pretendia instalar em território africano. Mas a UA rejeitou a presença de tropas norte-americanas e o Africom teve de montar o quartel-general na Alemanha.
Maior humilhação para os EUA foi ver Khadafi eleito presidente da UA em 2009 e a Líbia tornar-se o principal suporte da organização pan-africana.
O Império não tolerou as propostas da UA no sentido de um processo de integração africana. Depois de justificar a agressão à Líbia com «um pacote de mentiras ainda maior do que o que servira de pretexto para a invasão do Iraque» – como escreve Glazebrook –, a NATO destruiu o país, reduziu-o «à condição de mais um estado africano falhado» e «facilitou a tortura e o assassinato de Khadafi», assim se libertando de um seu opositor.
A guerra contra o coronel destruiu o seu regime e também a paz e a segurança no Norte de África.
O dirigente líbio tinha organizado desde 1998 a Comunidade de Estados Sahel-Saharianos, com o foco na segurança regional, travando a influência das milícias salafistas e apaziguando os líderes tribais tuaregues.
Com a queda de Khadafi, os radicais islâmicos da região obtiveram armas modernas – cortesia da NATO – e as fronteiras meridionais da Líbia entraram em colapso.
A primeira vítima dessa desestabilização regional foi o Mali. O avanço islamita, resultado da agressão à Líbia, foi pretexto para a intervenção militar da França.
A Argélia ficou igualmente na mira do imperialismo. Está hoje «cercada» por radicais islâmicos a Leste (fronteira com a Líbia) e a Sul (fronteira com o Mali), onde se instalou também a legião francesa.
O imperialismo tem razões para não «simpatizar» com a Argélia, o único país do Norte de África ainda governado pelo partido que lutou pela independência (FLN): Argel apoia a UA, tem assumido posições internacionais dignas e, como o Irão e a Venezuela, vende por um preço justo o seu petróleo e o seu gás.
Este «nacionalismo dos recursos» leva as gigantes petrolíferas ocidentais a não esconder que «estão fartas da Argélia», como escreve o Financial Times. O mesmo jornal que, um ano antes da agressão da NATO, também acusou a Líbia do «crime» de proteger os seus recursos naturais...
Segundo Glazebrook, a criação em 2002 da União Africana (UA), dinamizada por Muammar Khadafi, preocupou os estrategas ocidentais.
Para Washington, Londres e Paris era inaceitável o plano da UA de criação do Banco Central Africano e de uma moeda única. Era inaceitável a criação do Fundo Monetário Africano. E, sobretudo, era inaceitável a decisão da UA, em 2004, de elaborar a Carta de Defesa e Segurança Comum Africana. E a decisão, em 2010, de avançar com uma força militar unificada.
Nessa altura, face ao seu declínio económico e à «ameaça» da China, os EUA já tinham traçado planos para recolonizar a África.
Em 2008 surgiu o Africom, comando militar que o presidente G. W. Bush pretendia instalar em território africano. Mas a UA rejeitou a presença de tropas norte-americanas e o Africom teve de montar o quartel-general na Alemanha.
Maior humilhação para os EUA foi ver Khadafi eleito presidente da UA em 2009 e a Líbia tornar-se o principal suporte da organização pan-africana.
O Império não tolerou as propostas da UA no sentido de um processo de integração africana. Depois de justificar a agressão à Líbia com «um pacote de mentiras ainda maior do que o que servira de pretexto para a invasão do Iraque» – como escreve Glazebrook –, a NATO destruiu o país, reduziu-o «à condição de mais um estado africano falhado» e «facilitou a tortura e o assassinato de Khadafi», assim se libertando de um seu opositor.
A guerra contra o coronel destruiu o seu regime e também a paz e a segurança no Norte de África.
O dirigente líbio tinha organizado desde 1998 a Comunidade de Estados Sahel-Saharianos, com o foco na segurança regional, travando a influência das milícias salafistas e apaziguando os líderes tribais tuaregues.
Com a queda de Khadafi, os radicais islâmicos da região obtiveram armas modernas – cortesia da NATO – e as fronteiras meridionais da Líbia entraram em colapso.
A primeira vítima dessa desestabilização regional foi o Mali. O avanço islamita, resultado da agressão à Líbia, foi pretexto para a intervenção militar da França.
A Argélia ficou igualmente na mira do imperialismo. Está hoje «cercada» por radicais islâmicos a Leste (fronteira com a Líbia) e a Sul (fronteira com o Mali), onde se instalou também a legião francesa.
O imperialismo tem razões para não «simpatizar» com a Argélia, o único país do Norte de África ainda governado pelo partido que lutou pela independência (FLN): Argel apoia a UA, tem assumido posições internacionais dignas e, como o Irão e a Venezuela, vende por um preço justo o seu petróleo e o seu gás.
Este «nacionalismo dos recursos» leva as gigantes petrolíferas ocidentais a não esconder que «estão fartas da Argélia», como escreve o Financial Times. O mesmo jornal que, um ano antes da agressão da NATO, também acusou a Líbia do «crime» de proteger os seus recursos naturais...
Fonte: Avante em www.avante.pt
O imperialismo estadunidense com com sua política de expansão, influência ou até mesmo dominação territorial, cultural e econômica do mundo livre, alastra-se hostilmente extorquindo concessões por meio do emprego da ameaça das armas e força bruta, o saque das matérias-primas e demais haveres ou recursos naturais de que precisam.
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