O Trabalho da Mulher na Agricultura no Regime Capitalista
![]() |
Mulher trabalhadora no Congo |
V. I. Lênin ( 31 de Julho de 1913 )
"na agricultura a trabalhadora — proletária e camponesa deve despender muito mais forças, suar sangue, extenuar-se, à custa de sua saúde e da saúde de seus filhos, para ficar talvez em pé de igualdade com o trabalhador masculino da grande produção capitalista.
Significa que, no capitalismo, a pequena produção só se mantém extraindo da trabalhadora uma quantidade de trabalho maior do que a que dela se extrai na grande produção capitalista .(. . .)"
(. . .) Tomemos os dados referentes ao trabalho das mulheres na agricultura, na Áustria e na Alemanha. Para a Rússia não existem ainda dados completos, porque o governo não deseja proceder a um recenseamento de todas as empresas agrícolas, em bases científicas.
Na Áustria, o recenseamento de 1902 revelou que em 9.070.682 pessoas ocupadas na agricultura, havia 4.422.981 mulheres, ou sejam, 48,7 por cento. Na Alemanha, onde o desenvolvimento do capitalismo atingiu um nível consideravelmente mais alto, resulta que as mulheres constituem a maioria, exatamente 54,8 por cento dos trabalhadores ocupados na agricultura. Quanto mais o capitalismo se desenvolve na agricultura, mais se difunde o trabalho das mulheres, o que vale dizer, pioram as condições de vida das massas trabalhadoras. Na indústria alemã, as mulheres constituem 25 por cento dos operários, na agricultura mais do dobra. Isso significa que a indústria atrai a mão-de-obra melhor e deixa para a agricultura a mão-de-obra mais débil.
Nos países capitalistas desenvolvidos, a agricultura já se tornou uma ocupação predominantemente feminina.
Mas, se examinamos os dados relativos às explorações agrícolas de diferentes dimensões, constatamos que a exploração do trabalha feminino atinge um grau particularmente intenso justamente na pequena produção. Ao contrário, a grande produção capitalista utiliza, predominantemente, mesmo na agricultura, o trabalho masculino, embora menos que na indústria.
Eis os dados comparativos para a Áustria e a Alemanha:
Explorações |
Grupo de
explorações em hectares |
% de mulheres sobre o
nº total de trabalhadores | |
Áustria
|
Alemanha
| ||
Proletárias | Menos de 1/2 |
52,0
|
74,1
|
De 1/2 a 2 |
50,9
|
65,7
| |
Camponesas | De 2 a 5 |
49,6
|
54,4
|
De 5 a 10 |
48,5
|
50,2
| |
De 10 a 20 |
48,6
|
48,4
| |
Capitalistas | De 20 a 100 |
46,6
|
44,8
|
De 100 a mais |
27,4
|
41,0
| |
No Total
|
48,7
|
54,8
|
Vemos assim em ambos os países uma só e mesma lei da agricultura capitalista. Quanto menor é a produção, tanto pior a composição da mão-de-obra, mais acentuada a predominância da mulher no número total de pessoas ocupadas na agricultura.
A situação geral no regime capitalista é a seguinte:
Nas explorações proletárias, isto é, nas explorações cujos «patrões» obtêm os meios de subsistência principalmente do trabalho assalariado (trabalhadores braçais, jornaleiros e, em geral, assalariados com lotes de terra pequeníssimos), o trabalho feminino prevalece sobre o masculino e, algumas vezes, em grau elevado.
Não se pode olvidar que o número dessas explorações proletárias ou de trabalhadores braçais é imenso: na Áustria, 1,3 milhões sobre um total de 2,8 milhões e, na Alemanha, 3,4 milhões, num total de 5,7 milhões.
Nas pequenas explorações camponesas o trabalho masculino e o feminino está difundido em igual medida.
Finalmente, nas explorações capitalistas, o trabalho masculino predomina sobre o feminino.
Que significa isso?
Significa que na pequena produção a composição da mão-de-obra é pior que na grande produção.
Significa que na agricultura a trabalhadora — proletária e camponesa deve despender muito mais forças, suar sangue, extenuar-se, à custa de sua saúde e da saúde de seus filhos, para ficar talvez em pé de igualdade com o trabalhador masculino da grande produção capitalista.
Significa que, no capitalismo, a pequena produção só se mantém extraindo da trabalhadora uma quantidade de trabalho maior do que a que dela se extrai na grande produção capitalista .(. . .)
Fonte: O Socialismo e a Emancipação da Mulher, Editorial Vitória, 1956.
Tradução: Editorial Vitória.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo, setembro 2007.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.
Comentários
Postar um comentário