Combater o sindicalismo de colaboração de Classes

Combater o sindicalismo de colaboração de Classes
por UC-Nacional

"Ao velho estilo do reformismo/peleguismo sindical, estas centrais, entoando o libelo (neo)desenvolvimentista, pedem uma agenda positiva que vise “estimular o crescimento econômico, com o retorno rápido de investimentos em infraestrutura, nos setores de energia, ações para destravar o setor da construção, aumento da produção e das exportações, e a adoção de políticas de fortalecimento do mercado interno para incremento dos níveis de consumo, emprego, renda e direitos sociais”.

Com isto, procuram relegar ao movimento sindical o papel de “sujeito social” que deve atuar levando em conta a “globalidade dos interesses em choque na sociedade”, esvaziando-o de seu conteúdo de classe.

Tal discurso de conciliação entre capital e trabalho e colaboração de classes (em vez de luta), ainda mais em períodos de recessão – onde o sistema capitalista atravessa uma grave e prolongada crise, que se manifesta inclusive nos principais países imperialistas – visa também obter algumas migalhas para os assalariados, perpetuando a exploração capitalista e amortizando o choque de classes."

Centrais sindicais brasileiras convocam para o dia (08/10), ato em conjunto com entidades patronais. Em panfleto conclamam: “Só vontade coletiva para viabilizar um modelo de desenvolvimento com valorização da produção e do trabalho”

O ato é o desdobramento do movimento lançado no último dia 3 (no Espaço Social Hakka, em São Paulo) intitulado “Compromisso pelo Desenvolvimento”, do qual participaram CNI (Confederação Nacional da Industria), ANFAVEA (Associação de Fabricantes de Veículos Automotores), AbIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas), a ABIT (Associação Brasileira da Industria Têxtil e Confecção), ABRINQ (Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos), Associação Comercial de Minas Gerais, Associação Comercial do Rio de Janeiro, Associação Comercial de São Paulo, Instituto ETHOS, CUT, FORÇA SINDICAL, UGT, CTB, NCST, CSB, dentre outros.

Segundo discurso de Luiz Moan, presidente da ANFAVEA (cuja as empresas, nos últimos anos, enviaram mais de 30 bi para suas matrizes no exterior), “Se a agenda que apresentamos for executada, não tenho dúvidas de que as associadas não serão prejudicadas”. Carlos Pastoriza, presidente da Abimaq, defendeu uma agenda propositiva. “O meu setor é o que mais está sentido a crise. É preciso ter confiança”, disse.

Miguel Torres, presidente da Força (do “sindicalismo de resultados” de Medeiros, Magri e Paulinho – para quem as lutas sindicais não devem ameaçar o capitalismo e a burguesia, mas apoiar a geração de negócios para as empresas, pois elas geram empregos e podem “encher o bolso do trabalhador de dinheiro”), “O Brasil é maior do que a crise, e precisamos demonstrar unidade e atuarmos, unidos, para que a situação econômica melhore no próximo ano”.

Já Vagner Freitas, presidente da CUT (representante o “sindicalismo cidadão”, que desde o “Forum de Negociações”, no Plano Color, embarcou sem reservas nas chamadas “ações propositivas/afirmativas”), como de sempre, preocupou-se mais com a defesa do governo: “O que não precisamos é de chantagens, de atitudes antidemocráticas de quem ousa tentar tirar o mandato da presidenta Dilma, eleita pelo povo de forma absolutamente democrática”, enfatizou ele.

Ao velho estilo do reformismo/peleguismo sindical, estas centrais, entoando o libelo (neo)desenvolvimentista, pedem uma agenda positiva que vise “estimular o crescimento econômico, com o retorno rápido de investimentos em infraestrutura, nos setores de energia, ações para destravar o setor da construção, aumento da produção e das exportações, e a adoção de políticas de fortalecimento do mercado interno para incremento dos níveis de consumo, emprego, renda e direitos sociais”.

Com isto, procuram relegar ao movimento sindical o papel de “sujeito social” que deve atuar levando em conta a “globalidade dos interesses em choque na sociedade”, esvaziando-o de seu conteúdo de classe.

Tal discurso de conciliação entre capital e trabalho e colaboração de classes (em vez de luta), ainda mais em períodos de recessão – onde o sistema capitalista atravessa uma grave e prolongada crise, que se manifesta inclusive nos principais países imperialistas – visa também obter algumas migalhas para os assalariados, perpetuando a exploração capitalista e amortizando o choque de classes.

Para os representantes do capital este discurso onde não existe mais a crítica ao “lucro do patrão”, traz a vantagem de vestir o lucro com um véu de respeitável moralidade, que encobre as reais relações sociais de exploração do trabalhador pelo capitalista. Travestido de mera “remuneração” do capital, o lucro não é mais fruto da exploração da força de trabalho, deixa de ser a forma em que se converte a mais-valia no curso da produção em sociedades como a nossa, capitalista.

Estas mesmas centrais sindicais escondem do conjunto dos trabalhadores que os governos neodesenvolvimentistas (2003-2014) foram incapazes (ou indispostos) de romper o cerco do Estado neoliberal. Um dos traços do lulismo foi não confrontar o capital, buscando, deste modo, garantir os investimentos necessários para a manutenção e crescimento do lucro da grande burguesia. Nesta era neodesenvolvimentista também se ampliou a dinâmica de acumulação capitalista e a vigência da “nova precariedade salarial”, caracterizada pela expansão de relações de trabalho flexíveis (contrato salarial, jornada de trabalho e remuneração flexível, terceirizações etc).

Sob o manto do progressismo estes governos junto com o patronato e os pelegos (que argumentam ser preciso entrar no debate da “modernização” das relações entre capital trabalho), vão engendrando uma reestruturação produtiva que desvaloriza a força de trabalho e intensificam a ofensiva contra os direitos e a liberdades dos trabalhadores.

Nas condições históricas de crise estrutural do sistema, não podemos subestimar essas iniciativa das classes dominantes (e seus parceiros) no conjunto da classe trabalhadora. Sem negar a importância das lutas econômicas imediatas, o sindicalismo classista deve recusar a submissão da sua estratégia aos horizontes estreitos de um “capitalismo melhorado”.

Também não basta taxar estas centrais sindicais como pelegas. É preciso travarmos longo e intenso debate, demarcarmos bem o campo junto à classe trabalhadora – de uma maneira mais organizada, educativa – desmascarando o projeto político-ideológico colaboracionista. É necessário elevar o nível de consciência das massas trabalhadoras, demonstrando os limites da luta meramente economicista e das negociações de cúpula com o governo e com o patronato.

Hoje, talvez mais que nunca, a luta de classes se impõe – no plano ideológico – como elemento de resistência estratégica visando desmontar as ilusões liberais/social-democratas, de ser possível um capitalismo humanizado. Pelo contrário, na era da crise de civilização do capital, urge afirmar os valores do socialismo e resgatar a tarefa politica de uma transformação radical da sociedade capaz de por fim ao regime do salariato e para efetivamente construir uma vida de dignidade para a classe trabalhadora brasileira.

Unir as lutas para emancipar a classe!!!


Coordenação Nacional da Unidade Classista


Fonte : PCB




O significado da palavra PELEGO



Nesta postagem os leitores vão saber o que quer dizer a palavra PELEGO

O pelego, na sua forma denotativa, é o couro junto à lã retirado da ovelha para servir de assento ao cavalariano sem que este machuque o quadril no cavalgar, mas que não elimina o peso sobre o cavalo.

No sindicalismo, pelego é aquele “companheiro” que se desviou da verdadeira luta da categoria a favor da administração. É aquele sindicalista que, para ele, o trabalhador é sempre o culpado, o gestor não tem nada a ver com suas desilusões.

Com uma notoriedade imensa e um número vasto de filiados em todo o Brasil, os sindicatos são organizações sociais que têm como objetivo defender os interesses trabalhistas de suas respectivas categorias profissionais, sendo interesses particulares ou coletivos.

O termo pelego foi popularizado durante o governo de Getúlio Vargas, nos anos 1930. Imitando a Carta Del Lavoro, do fascista italiano Benito Mussolini, Vargas decretou a Lei de Sindicalização em 1931, submetendo os estatutos dos sindicatos ao Ministério do Trabalho. 

Pelego era então o líder sindical de confiança do governo que garantia o atrelamento da entidade ao Estado. Décadas depois, o termo voltou à tona com a ditadura militar. Pelego passou a ser o dirigente sindical apoiado pelos militares, sendo o representante máximo do chamado sindicalismo marrom. A palavra, que antigamente designava a pele ou o pano que amaciava o contato entre o cavaleiro e a sela, virou sinônimo de traidor dos trabalhadores e aliado do governo e dos patrões. Logo, quando se chamado de pelego, significava que a pessoa era subserviente, servil, dominada por outra, ou seja, capacho, puxa-saco, bajulador.

Mas como se pode definir esse trabalhador que se acovarda, que aceita tudo o que o patrão (governo) quer, sem contestar?

Pelego é o trabalhador que se deixa montar pelo patrão e/ou pelo governo; é o que não consegue reagir frente à humilhação e perseguição do opressor, é quem não luta por seus direitos por medo das consequências; é o pusilânime que se esconde atrás de desculpas esfarrapadas para justificar a própria covardia; o que não tem coragem de lutar, o(a) COVARDE, enfim, o que se esconde atrás daqueles que lutam, aproveitando da peleja alheia.

Pelego é aquele trabalhador que não sabe o significado da palavra solidariedade, o egoísta que não consegue ver nada além de suas próprias e momentâneas necessidades, é um defensor, incondicional, do gestor.



Fonte: Ufalsindical


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