Raízes e metas dos «Sábios de Sião»

Raízes e metas dos «Sábios de Sião»
Por:Jorge Messias
Fonte: Jornal Avante



«A Religião é a utopia mais gigantesca, a mais metafísica que a História jamais conheceu. Ela representa a forma mais ampla de reconciliar aparentemente as reais contradições da história» (Gramsci, «Memórias do cárcere», 1971).


«Se alguém disser que S. Pedro não foi constituído por Jesus Cristo, Príncipe dos Apóstolos e Chefe visível de toda a Igreja; ou se afirmar que Cristo não recebeu o primado de própria e verdadeira jurisdição: que seja excomungado!» (Código do Direito Canónico).


«O Clube de Bilderberg é uma conferência anual não oficial cuja participação é reservada a 130 convidados influentes no mundo empresarial, académico, mediático e político. Pesquisadores da «teoria da conspiração» afirmam que os membros do grupo são “illuminati” e pertencem a uma confraria ligada ao Vaticano, à Maçonaria, ao Grande Capital e aos projectos de governo mundial oculto e de Nova Ordem Internacional. Preparam em segredo a III Guerra Mundial» (Recanto das Letras, blogue da NET).







Entre o mito e a mentira há uma curta mas vincada diferença. O mito parte da realidade, desvia-se e inventa o restante. A mentira é pura invenção manipulável ao sabor das conveniências. Esta distinção é nítida em muitas áreas do pensamento e da acção, nomeadamente na política, na religião, na comunicação social e no ensino. Jogando num espaço livre, os capitalistas «iluminados» transformaram então comunicação em propaganda. Não é de agora. Dizia Joseph Goebbels, ministro de Hitler: «É claro que a propaganda tem um propósito. Contudo, este deve ser tão inteligente e virtuosamente escondido para que aqueles que ela venha a influenciar nem sequer o percebam».

Mais que um século passado sobre a tese que iremos recordar, esta renasce. E parece de interesse lembrar que a notícia inicial sobre os «Protocolos dos Sábios de Sião» veio a público numa fase de grande crise das sociedades ocidentais. É sempre assim. Metafísica, finanças e utopia, aparecem permanentemente ligadas na história universal.

Tudo se passa deste modo desde tempos remotos quando Zaratrusta, no século VI e na Pérsia (Irão), conseguiu dar resposta a sérios problemas sociais. Entregou o governo ao poder religioso e criou a classe dos Magos ou sumos sacerdotes. Segundo estes, o futuro dos homens já fora escrito pelos deuses, de uma vez por todas. Essa tremenda fatalidade apenas era conhecido pela raça superior dos «iluminados» que divulgavam o segredo, pouco a pouco, à multidão anónima através de textos sagrados, profecias e milagres. Entretanto, a casta sacerdotal reunia nas suas mãos todo o poder efectivo – político, económico, cultural e religioso.

Com os necessários ajustamentos, estas ambições de uma nova ordem subsistem nos tempos actuais. O que permite, se assim o quisermos, ver melhor a realidade, por entre a selva de mitos e de mentiras que por todos os lados plantam à nossa volta.


A batalha do mito

 


Tal como qualquer outro grande mito, os «Protocolos dos Sábios de Sião» nasceram por entre polémicos e confusos cenários até hoje nunca esclarecidos. Diziam alguns – os metafísicos – que as suas profecias remontavam aos longínquos tempos da proto-história e constituíam legado dos deuses. Esta tese seria confirmada, afirmavam os seus defensores, pela linha «histórica» descrita pelos profetas de Sião e continuada, durante séculos e séculos, pela visões proféticas dos druidas, do Santo Graal, dos alquimistas, dos jesuítas, da Maçonaria, do Opus Dei, etc., etc. Todas essas formações, secretas e semi-secretas, faziam a «ponte» entre o poder temporal e laico e o poder confessional, eterno e universal.

Faltava ainda, é certo, capacidade aos «illuminati» para se organizarem como um todo e coordenarem as suas acções. Tecnologicamente, os obstáculos iam sendo ultrapassados. Mas no plano doutrinal os propulsores da Nova Ordem, sempre em mutação, demonstravam não ter ainda capacidade para avançarem, ocuparem e consolidarem-se na chefia do Universo. Alcançavam êxitos mas perdiam a guerra. Aconteceu isso com os Romanos, com os Cruzados, com Carlos Magno, com a Navegação e o Comércio, com o Fascismo e o Nazismo, etc. Os imperialistas, sempre unidos ao grande capital e à religião, acabaram invariavelmente por perder a «Batalha do Mito».

Tudo isto é aplicável aos «Protocolos» mas não os explica. E quanto à sua idade, objectivos e métodos, houve outras interpretações, bem mais convincentes que a dos metafísicos.



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