Brasil: Belo Monte de "Merda" e a morte anunciada
Por : Laerte Braga
Fonte: O Rebate
Circula pela rede mundial de computadores um vídeo criticando as políticas
indígenas do atual governo, do governo Lula e a presença de organizações
internacionais na Amazonas.
O vídeo com atores e atrizes da REDE GLOBO
denunciando a construção de Belo Monte como nociva à soberania nacional tem um
viés completamente diverso do viés defendido por ambientalistas diferentes de
Marina da Silva, por exemplo - a cooptada pelo tal desenvolvimento sustentável,
mero eufemismo capitalista e predador -. Há quem fale em Amazônia brasileira
sonhando Amazônia internacionalizada e há quem critique Belo Monte no contexto
de todo o modelo político e econômico que Lula inventou, o "capitalismo a
brasileira".
Samuel Pinheiro Guimarães afirmou numa entrevista que um dos
fatores do crescimento econômico do Brasil seria a decisão do governo brasileiro
- Lula - de não ser uma potência imperialista em relação aos países da América
do Sul.
Abandonamos essa perspectiva e exercemos hoje um poder de
sub-imperialismo diante dos países vizinhos.
Se olharmos todo o contexto
vamos entender que estamos longe de ser uma potência mundial soberana e senhora
dos nossos destinos. Sofremos a invasão de capital sionista, da ideologia
sionista, subproduto do imperialismo norte-americano, vivemos à mercê dos
interesses dos EUA (mesmo que a China seja hoje o nosso maior comprador), somos
exportadores de matéria prima e não dispomos de tecnologia em nenhum setor
essencial (exceto enriquecimento de urânio, mas mesmo assim para nada). Essas
constatações fazem do Brasil um entreposto do capital internacional e isso
começou com FHC. Nas privatizações de setores essenciais.
Quando o
general Heleno, ex-comandante das tropas brasileiras de ocupação no Haiti,
ex-comandante militar da Amazônia, se dispõe a "defender" o Brasil tomando
posição ao lado de arrozeiros que ocuparam terras indígenas, está apenas
mostrando a contradição deliberada entre o discurso desses "ambientalistas",
desses defensores da causa indígena. Liga a seta para um lado e vira o carro
para outro.
Belo Monte é um assunto que, entre outras coisas, tem que
passar por um amplo debate popular, em todos os sentidos e direções, não pode
ficar restrito a interesses de consórcios empresariais.
A entrega da
Amazônia começou, no entanto, com o projeto SIVAM (monitoramento da região), na
fraude da licitação no governo FHC (valeu a ele uma chantagem que teve que
aceitar). Foi ali que os norte-americanos iniciaram um processo de ocupação
daquilo que Al Gore - vice-presidente de Clinton - disse que o "Brasil não pode
pretender ter exclusividade sobre a Amazônia -.
Satélites dos EUA sabem
milhares de vezes mais sobre a Amazônia que os brasileiros que lá estão. Grupos
empresariais como os que se montam em consórcio para a construção de Belo Monte
não têm o menor compromisso com o Brasil. Empresários e banqueiros não têm
pátria, têm interesses. E tampouco, óbvio, têm escrúpulos.
Grupos
norte-americanos e canadenses ("um México melhorado", segundo autoridades dos
EUA) ocupam sistematicamente a região e se preparam para o bote que vai para
além do Brasil. Alcança Venezuela, Peru e Bolívia.
A morte do cacique
Anísio, dos Guarani Kaiowá, executado por pistoleiros e policiais militares (dá
no mesmo) no Mato Grosso do Sul foi a típica morte anunciada. O latifúndio é a
porta de entrada do capitalismo e grupos internacionais na Amazônia.
Toda
a comunidade indígena está ameaçada pela doença "patriotite" de figuras como o
general Heleno e inocentes não tão inocentes assim (atores globais), pelo
simples fato que a GLOBO quer Belo Monte, mas quer também a Amazônia
internacionalizada.
A rede não conseguiu fugir das pressões
internacionais.
A idéia que índios brasileiros são levados para os EUA e
lá moldados para pensar como norte-americanos e no futuro exigirem territórios
livres e independentes tem a cumplicidade das forças armadas brasileiras. Pelo
silêncio, pela omissão e por aliados como o general Heleno, do
latifúndio.
E é óbvio, do governo brasileiro. Existem meios para impedir
esse tipo de ação.
O latifúndio nas regiões Norte e Centro-Oeste do
Brasil é como um câncer que vai se espalhando por todo o organismo, no caso uma
rica parcela do território brasileiro e só vai ser extirpado, ou pelo controle -
como acontece no caso do nióbio - pelos imperialistas, ou por políticas que
assegurem aos índios suas terras, dêem aos índios as garantias plenas de seus
direitos e as forças armadas assumam o dever constitucional de garantir a
integridade do território brasileiro, a soberania nacional, não direitos de
grileiros, latifundiários, pistoleiros, o que vemos diariamente.
A
reforma agrária, palavrão para esses "brasileiros".
Os atores da GLOBO
não estão atirando em Belo Monte. Estão atirando no Brasil e muitos deles nem
idéia disso têm. Tem contrato com a rede e pronto.
Belo Monte é um crime
ambiental sem propósito, serve a interesses de grupos econômicos nacionais e
abre portas para o avanço de grupos internacionais (são parceiros no processo
capitalista/imperialista), mas não significa que tudo o que está sendo dito seja
realidade. E principalmente os propósitos do que está sendo dito. A conquista da
Amazônia pelos norte-americanos e sua colônia o Canadá.
São situações
distintas. E até pelo contrário, se olharmos só sob esse prisma, Belo Monte e
uma sinal de presença do Brasil, como foi, na década de 50 do século passado, a
capital Brasília, a rodovia Belém Brasília.
O que se esconde por trás de
tudo isso, a presença global maciça em protestos "patrióticos" é a transformação
da Região Centro-Oeste em grandes plantações de transgênicos regados a
agrotóxicos e a envenenar brasileiros e da floresta Amazônica em um grande pasto
para latifundiários criadores de gado.
Não são os índios, tampouco a demarcação de reservas indígenas, ou a ameaça estrangeira.
Essa ameaça basta o governo e as forças armadas assumirem suas responsabilidades com a soberania nacional e a integridade do nosso território que somem.
Mas é difícil, são subordinados ao capitalismo e ao imperialismo e na deformação que sofrem o sub-imperialismo em relação aos países vizinhos da América do Sul.
Aí, enchem-se brios sem ter a menor idéia do que estão a falar - um roteiro pré-escrito pelos donos reais -, sabedores que a GLOBO não é contra Belo Monte, é contra o Brasil.
Em 2010, ano passado, o cacique Anísio pediu proteção às autoridades brasileiras, relatou as ameaças que eram vítimas. O governo optou pelo código florestal do deputado Aldo Rebelo (de uma das corporações que detém parcela do condomínio do Estado brasileiro, o PC do B S/A), por acordos com a bancada ruralista, nas alianças inaceitáveis pelo poder que não é poder, é só o direito de chegar até a linha demarcada pelos donos do Brasil.
Foi a típica morte anunciada.
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