Vaticano, ONG e Agronegócio em Portugal

Vaticano, ONG e Agronegócio em Portugal
por Jorge Messias




"Todos estes milagres surgem em contracorrente e num mundo dominado pela fome, pela miséria, pelo desemprego e pela queda ou estagnação das economias. São lucros fáceis, sobretudo gerados pela especulação financeira com os preços do petróleo, obrigatoriamente pagos em dólares, ou com as fraudes das swards ou das commodites do agronegócio, roubalheiras baseadas em coisa nenhuma. O neocapitalismo destrói sabendo, de antemão, que jamais será capaz de reconstruir.

Com Papa Francisco ou sem Papa Francisco, a Igreja é unha com carne com o famigerado capitalismo selvagem ou novo capitalismo que, no entanto, afirma condenar. Se não denuncia os seus crimes é porque, quase sempre, também ela, a Igreja, os pratica. Dá-lhes cobertura e aplana os seus criminosos caminhos futuros na Comunidade Europeia, na Mercosul, na unificação da banca, na legalização dos transgênicos, numa palavra, onde quer que a sua contribuição seja necessária à vitória final do imperialismo dos monopólios."


A um só tempo, o neocapitalismo vai desmontando as instituições estatais e lançando ou expandindo as bases de uma sociedade autoritária e de exploração do homem pelo homem. É o caso do que está a acontecer na área agroalimentar que os illuminati transformam, pouco a pouco, num instrumento produtor da fome mundial.

Não é apenas em Portugal mas por toda a Europa, que os campos vão ficando ao abandono, frutos da ganância do capitalismo. Baixa o preço das parcelas de terras e as autarquias e governos corruptos fecham os olhos às violações das leis. Por isso, na fase atual do agronegócio neocapitalista, o grande capital limita-se a comprar searas e florestas e a deixá-las em pousio, a aguardarem que os preços de venda dos bens alimentares e afins subam nas bolsas de valores.

Assim se entendem os dados recentemente fornecidos pelo The Guardian, um órgão de comunicação britânico de grande reputação mundial. atualmente, cerca de metade das terras produtivas da União Europeia foram já compradas por grandes capitais com raízes nos EUA, na China, no Médio Oriente ou nas gigantescas reservas financeiras criadas pelos hedge funds promotores da especulação neocapitalista.
 
Na Alemanha dos anos 60, havia um milhão e 200 propriedades agrícolas, hoje reduzidas a 299 mil. Na Ucrânia, 10 latifundiários controlam perto de três milhões de hectares. Em Inglaterra, 70% das terras produtivas pertencem a grandes lóbis cotados em bolsa. Surpreendentemente, porém, os tempos de crise são surpreendidos com os lucros financeiros das grandes fortunas e de certos bancos: o Banco do Vaticano (IOR) declara resultados líquidos superiores a 86 mil milhões de euros; o Banco do Brasil ganha sete biliões; o grupo de bancos da norte-americana Goldman Sachs regista, num só trimestre, lucros de 1,51 mil milhões de dólares!

Todos estes milagres surgem em contracorrente e num mundo dominado pela fome, pela miséria, pelo desemprego e pela queda ou estagnação das economias. São lucros fáceis, sobretudo gerados pela especulação financeira com os preços do petróleo, obrigatoriamente pagos em dólares, ou com as fraudes das swards ou das commodites do agronegócio, roubalheiras baseadas em coisa nenhuma. O neocapitalismo destrói sabendo, de antemão, que jamais será capaz de reconstruir.

Com Papa Francisco ou sem Papa Francisco, a Igreja é unha com carne com o famigerado capitalismo selvagem ou novo capitalismo que, no entanto, afirma condenar. Se não denuncia os seus crimes é porque, quase sempre, também ela, a Igreja, os pratica. Dá-lhes cobertura e aplana os seus criminosos caminhos futuros na Comunidade Europeia, na Mercosul, na unificação da banca, na legalização dos transgênicos, numa palavra, onde quer que a sua contribuição seja necessária à vitória final do imperialismo dos monopólios.
 
 
Breves:
 
 
«No Brasil, o agronegócio tem representado a salvação económica do Estado. O país é o terceiro exportador mundial de produtos alimentares, só ultrapassado pelos EUA e pela União Europeia. A agricultura brasileira está, no entanto, dominada por grandes grupos transnacionais que comercializam 90% dos alimentos em todo o mundo... A meta final do desenvolvimento rural consiste em aumentar as exportações das matérias primas alimentares e em elevar as importações dos produtos industriais fabricados nos países ricos, gerando entre países ricos e países pobres uma relação colonial» (Terra, Agronegócio e Revolução, “Marxismo Vivo”, 2004).
«Agronegócio é o conjunto das operações financeiras relacionadas com a agricultura, a pecuária ou atividades económicas afins. Costuma dividir-se em três partes: num primeiro grupo, são incluídas todas as atividades que digam respeito à economia rural (pequenos, grandes e médios produtores); numa fase seguinte, o agronegócio agrupa igualmente os chamados insumos (a exemplo dos fabricantes de fertilizantes químicos, dos fabricantes de maquinaria agrícola ou dos produtores de sementes transgênicas); num terceiro patamar, o campo de operações corresponde igualmente a uma rede comercial alimentada por grupos empresariais transportadores, intermediários e vendedores ao público das existências em “stock” – nomeadamente, os grandes supermercados ou os bancos alimentares» (Ciclo do agronegócio, Wilkipedia).
«A Santa Trindade da fome: imperialismo, poder fantoche e latifúndio...» (Fome Mundial, fartura de capital, “Rubra”, Número 16).
 
 
 
Fonte: Avante
 
 
 
 
 
 

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