Homenagem a Staline

Stalin e Lenin


Homenagem a Staline



Em lugar do prefácio

por Carlos Costa


[“Pelo Socialismo” procedeu à reedição em livro – que já se encontra disponível – da obra de I. V. Stáline “Princípios do Leninismo”, publicada em 1972 por José Ricardo (pseudónimo), traduzida de uma edição francesa, tradução agora revista, cotejada com o original russo e de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico. Esta obra tem uma introdução de Carlos Costa, que aqui transcrevemos.]


Hoje há um conjunto apreciável de livros e estudos de qualificados investigadores e historiadores que desmentem documentalmente as calúnias contra Stáline e clarificam as causas fundamentais das derrotas do Socialismo na Europa. Sem reconhecer estes factos, além de satisfazer outras condições de natureza ideológica, política, organizativa e de ligação às massas nenhum Partido Comunista poderá definir uma estratégia adequada à situação atual.



Nos dias de luto que se seguiram à morte de Lénine, ocorrida em 21 de Janeiro de 1924, Stáline fez um importante juramento em nome da direção do Partido, durante os trabalhos do II Congresso dos Sovietes da URSS. Recordemo-lo:



Nós, os comunistas, somos pessoas de uma têmpera especial. Somos feitos de um material especial. Somos nós que formamos o exército do camarada Lénine, o grande estratega do proletariado. Não há nada superior à honra de pertencer a este exército. Não há nada superior ao título de membro do partido que tem como fundador e dirigente o camarada Lénine. (...)



Ao deixar-nos, o camarada Lénine legou-nos o dever de manter alto e preservar na sua pureza o glorioso título de membro do partido. Juramos-te, camarada Lénine, que cumpriremos com honra este ensinamento! (...)



Ao deixar-nos, o camarada Lénine legou-nos o dever de preservar a unidade do partido como a menina dos nossos olhos. Juramos-te, camarada Lénine, que cumpriremos com honra este ensinamento! (...)



Ao deixar-nos, o camarada Lénine legou-nos o dever de preservar e fortalecer a ditadura do proletariado. Juramos-te, camarada Lénine, que não pouparemos esforços para cumprir com honra este ensinamento! (...)



Ao deixar-nos, o camarada Lénine legou-nos o dever de consolidar com todas as nossas forças a aliança dos operários e camponeses. Juramos-te, camarada Lénine, que executaremos com honra este ensinamento! (...)



O camarada Lénine sempre nos falou da necessidade de uma aliança voluntária entre os povos do nosso país, da necessidade da sua cooperação fraterna no quadro da União Soviética. Ao deixar-nos, o camarada Lénine, legou-nos o dever de reforçar e alargar a União das Repúblicas. Juramos-te, camarada Lénine, que executaremos com honra este ensinamento! (...)

Lénine indicou-nos muitas vezes que o fortalecimento e o aperfeiçoamento do Exército Vermelho constituem uma das mais importantes tarefas do nosso partido. (…)

Juremos, pois, camaradas, que não pouparemos esforços para fortalecer o nosso Exército Vermelho e a nossa Armada Vermelha!...



Ao deixar-nos, o camarada Lénine legou-nos o dever de permanecer fiéis aos princípios da Internacional Comunista. Juramos-te, camarada Lénine, que não pouparemos a nossa vida para que se fortaleça e alargue a união dos trabalhadores de todo o mundo, a Internacional Comunista! »1



Três décadas depois, quando adveio a morte de Stáline, em 5 de Março de 1953, a direção do PCUS e os órgãos máximos do Estado soviético (CC do PCUS, Conselho de Ministros e Presidium do Soviete Supremo da URSS), aprovaram por unanimidade um voto de pesar, de que se salienta: «Deixou de bater o coração do companheiro e continuador da obra de Lénine, o sábio líder e mestre do Partido Comunista e do povo soviético, Iossif Vissariónovitch Stáline.



Juntamente com Lénine, o camarada Stáline criou o poderoso partido dos comunistas, educou-o e caldeou-o. Juntamente com Lénine, o camarada Stáline foi o inspirador e líder da Grande Revolução Socialista de Outubro, fundador do primeiro Estado socialista do mundo. Prosseguindo a obra universal de Lénine, o camarada Stáline conduziu o povo soviético à vitória histórica, com significado mundial, do socialismo no nosso país. O camarada Stáline conduziu o nosso país à vitória sobre o fascismo na Segunda Guerra Mundial, que alterou radicalmente toda a situação internacional. O camarada Stáline muniu o partido e todo o povo com um programa claro de construção do comunismo na URSS.



A morte do camarada Stáline, que dedicou toda a sua vida ao serviço abnegado da grandiosa causa do comunismo, constitui uma penosa perda para o partido, para os trabalhadores do País dos Sovietes e para todo o mundo ».2

Como fica confirmado, Stáline e a direção do PCUS por ele liderada cumpriram o juramento que fizeram perante a morte de Lénine.


É evidente que na altura não era possível adivinhar o que iria seguir-se. Mas, hoje, a história do socialismo pode dividir-se aproximadamente em dois períodos: o primeiro, o da construção do socialismo, que vai da Revolução de Outubro até à morte de Stáline, o segundo, o da sua degradação, que se inicia com o XX Congresso do PCUS, em 1956, e termina com a derrota do Socialismo na União Soviética, a dissolução da URSS e a derrota do Socialismo em todo o bloco de Leste. Tal periodização é também verdadeira na história do PCUS, da União Soviética, na natureza, orientação política, papel e força de quase todos os partidos comunistas e, portanto, na correlação de forças à escala mundial. Foi de facto no XX Congresso que o revisionista Khruchov leu, nas condições conhecidas, o infame «relatório secreto», credibilizando as calúnias nazis, trotskistas, dos serviços secretos de todos os Estados imperialistas, de todos os políticos abertamente anticomunistas (no que alinham hoje os novos sociais-democratas de fachada comunista), para diabolizar Stáline com o objetivo de subverter a construção do Socialismo em aspectos essenciais, o que criou as condições para a sua liquidação, num processo gradual que nunca foi invertido pelas direções seguintes do PCUS, e que se tornou objetivo estratégico do imperialismo, claramente assumido pela equipa gorbatchoviana, no final dos anos 80 do século passado.


Hoje há um conjunto apreciável de livros e estudos de qualificados investigadores e historiadores que desmentem documentalmente as calúnias contra Stáline e clarificam as causas fundamentais das derrotas do Socialismo na Europa. Sem reconhecer estes factos, além de satisfazer outras condições de natureza ideológica, política, organizativa e de ligação às massas nenhum Partido Comunista poderá definir uma estratégia adequada à situação atual.



Nos últimos anos tenta ressurgir um novo movimento comunista internacional (vencendo dificuldades que lhe são levantadas pelos oportunistas), que publica já a revista Comunista Internacional, com o objectivo expresso de contribuir para o fortalecimento do pensamento comunista revolucionário, condição indispensável para enfrentar a atual crise económica capitalista e derrotar a barbárie imperialista.

Em Janeiro de 1972, portanto 16 anos depois do «relatório secreto», lido por Khruchov no XX Congresso do PCUS, José Ricardo publicou a sua tradução do livro que agora vos apresentamos.



Quem era José Ricardo? Conhecendo pessoalmente o grande animador do MUD (Movimento de Unidade Democrática) e de outros movimentos antifascistas no distrito de Braga, e não só, Lino Lima, advogado em Famalicão, e sabendo, desde 1947, que o seu pseudónimo partidário era «Ricardo», fácil foi deduzir com alta probabilidade de acerto quem era o José Ricardo, dedução indiretamente confirmada pelo obituário do Avante!, de 14 de Janeiro de 1999, onde a propósito de Lino Lima se diz : « Para além da colaboração em muitos jornais e revistas, publicou diversos livros (...) e ainda o Romanceiro do Povo Miúdo, que publicou sob o pseudónimo de José Ricardo, que constitui uma admirável crónica dos anos negros da ditadura

  
E quem era o proprietário do exemplar que nos chegou às mãos, com muitíssimos sublinhados, feitos necessariamente depois de Janeiro de 1972? Era exatamente Sérgio Vilarigues.


Quem os conheceu sabe que nenhum deles era um membro do PCP, um militante revolucionário, politicamente distraído.


Simbolicamente quisemos que a presente edição assentasse na tradução de José Ricardo, voltando a oferecê-la ao leitor numa versão revista, cotejada com o original russo e conforme as novas regras do acordo ortográfico de 1990.



Sobre este conjunto de conferências de I.V. Stáline a propósito dos princípios do leninismo, textos escritos e publicados em 1924, queremos apenas chamar a atenção para a grande atualidade das questões que aqui são tratadas com rara simplicidade, rigor e clareza.



Ao lermos hoje este livro, que é um dos mais brilhantes clássicos do marxismoleninismo, damo-nos conta com toda a evidência de que a natureza do capitalismo não se alterou. Muito do que aqui se diz poderia ter sido escrito hoje e aplica-se integralmente aos dias que correm. Para terminar, fazemos aqui uma outra citação elucidativa do que acabamos de dizer:



«O imperialismo é a omnipotência dos trusts e dos monopólios, dos bancos e da oligarquia financeira nos países industriais. Os métodos habituais da classe operária para lutar contra esta omnipotência – os sindicatos e as cooperativas, os partidos parlamentares e a luta parlamentar – revelaram-se totalmente insuficientes. Ante as massas de milhões de proletários, o imperialismo coloca a questão da seguinte forma: ou se entregam à mercê do capital, vegetando como antigamente e deixando-se degradar, ou lançam mão de novas armas. O imperialismo conduz a classe operária à revolução.» (p. 19).





Carlos Costa



Notas:

1
A propósito da morte de Lénine», discurso de I.V. Stáline no II Congresso dos Sovietes de Toda a União, 26 de Janeiro de 1924, in História do Partido Comunista da URSS (bolchevique) Breve curso 1938 , ed. Para a História do Socialismo, Lisboa, 2010, pp. 358-359.
2
Citado em Das Memórias de Kaganóvitch (VI), ver http://www.hist-socialismo.com/docs/ Kaganovitch Ultimos anos.pdf , p. 2.


 



 

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