HONDURAS- Frente única com Obama e a ONU contra o golpe militar?


HONDURAS- Frente única com Obama e a ONU contra o golpe militar?Por SERGIO MORALES (Eskuerra)



Alguns artigos interessantes que li na rede sobre o golpe em Honduras:


http://www.counterp unch.org/ dangl06302009. html

http://www.wsws. org/articles/ 2009/jul2009/ pers-j01. shtml

http://www.wsws. org/articles/ 2009/jun2009/ zela-j30. shtml


Destes artigos, que mencionam reportagens do New York Times, insuspeito de simpatia com a esquerda e com a luta antiimperialista, se depreende que o governo estadunidense tinha conhecimento PRÉVIO do golpe e não tomou medidas para impedi-lo, nem para alertar o presidente Zelaya.

O quadro que parece emergir é o de conversações entre assessores do governo estadunidense e os golpistas com vistas a articular um golpe "constitucional" , isto é, articulado através das instituições do Estado burguês hondurenho (com a participação da cúpula do Judiciário e do Legislativo) , ao qual os militares dariam a devida cobertura armada.

Mas parece que os hábitos truculentos dos egressos da Escola das Américas prevaleceu, com a precipitação dos chefes militares e o uso da velha quartelada, antes mesmo que a "armação" constitucional fosse completada.Esta situação pôs o governo Obama em uma saia justa em um momento delicado em que o apoio explícito a um golpe anticonstitucional exporia irremediavelmente os esforços de desestabilização do Irã, ao desmascarar a hipocrisia do governo imperial.

Os EUA, então, foram forçados a armar o teatrinho da condenação dos golpistas.

No entanto, todas as alternativas ainda estão abertas para o imperialismo.

Hillary Clinton não definiu a quartelada como golpe, o que desobriga os EUA de suspender a ajuda financeira e militar aos golpistas.

A base americana em Honduras permanece (na verdade, Honduras é extremamente dependente econômica e militarmente dos EUA, e bastaria que o governo Obama fosse firme na condenação do golpe para que ele sequer ocorresse, ou, se ocorresse, que, rapidamente, fosse revertido; se ele se prolonga, é pela concordância tácita do imperialismo estadunidense) .

As palavras de Clinton parecem indicar, não a simples exigência do retorno de Zelaya, mas a abertura de "diálogo" entre os adversários, o que se pode traduzir como uma solução semelhante à imposta a Jean-Bertrand Aristide, em 1994, quando Clinton e seus "marines" garantiram o retorno do presidente do Haiti, então deposto pela primeira vez, em troca de sua anuência por uma programa de governo neoliberal.

Pode ser que Zelaya seja pressionado a abandonar seu programa nacionalista e antiimperialista como forma de retornar ao governo.

Eu não esperaria muito dos EUA, da ONU e da OEA para a reversão do golpe. Basicamente, é a mobilização das massas hondurenhas que pode ser o diferencial para derrotar os golpistas.

De qualquer forma, abre-se uma nova temporada de desestabilização de governos de esquerda na América Latina.

Saudações,

Sérgio Morales

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