Desemprego, fome e falências no império


Crise persiste nos EUA

Desemprego, fome e falências


Os dados referentes ao desemprego, ao total de famílias dependentes do Estado para se alimentarem e às contínuas falências confirmam que a crise capitalista continua a abater-se sobre os trabalhadores norte-americanos.


As estatísticas oficiais indicam que durante o mês de Outubro a economia norte-americana criou 151 mil postos de trabalho, mas tal crescimento é uma gota de água num imenso oceano de desespero provocado pelo desemprego e pelo emprego precário que, no país, continuam a cifrar-se em números avassaladores.

De acordo com os mesmos dados, cerca de 15 milhões de norte-americanos permanecem desocupados. Quatro em cada dez desempregados encontram-se nessa situação há mais de sete meses.

A soma dos desempregados com os que laboram a tempo parcial eleva o total a 30 milhões de trabalhadores, confirmando que a precariedade é um fenómeno tão presente como a falta de trabalho.

Principais vítimas do flagelo do desemprego são os jovens entre os 16 e os 20 anos, cuja taxa de desocupação alcança os 27 por cento. Ainda por grupos sociais, os afro-americanos, com uma taxa de 15,7 por cento, são particularmente visados. Os hispânicos, com um índice de 12,6 por cento, também ficam acima da média nacional - 9,6 por cento - enquanto que os caucasianos, com 8,8 por cento, e os asiáticos, com 7,1 por cento, são grupos cuja taxa de desemprego oficial fica abaixo da média.

Por sector, a construção civil é das que mais contribui para o desemprego, com uma taxa de 17,3 por cento, ao passo que o sector público é o que mais distante se encontra da média nacional, com uma taxa de 4,3 por cento.

Pobreza aumenta

Em consequência do desemprego e do subemprego, o total de famílias que dependem do Estado para se alimentarem aumentou exponencialmente nos EUA. O Departamento da Agricultura admite que, em Agosto, mais de 42 milhões 350 mil pessoas receberam senhas de alimentação, número que consubstancia um aumento de 17 por cento face a igual período de 2009, e de 58,5 por cento quando comparado com Agosto de 2007.

Mas não se julgue que esta ajuda, sendo fundamental para a sobrevivência de milhões, permite algo mais que subsistir. Em média, cada pessoa recebeu 133,90 dólares. Por domicílio, a média rondou os 287,82 dólares.

Num artigo escrito no Wall Street Journal, Sara Murray adianta que no último mês de Agosto as crianças regressaram às escolas para beneficiarem das refeições gratuitas. Dos 195 milhões de almoços servidos naquele período, quase 60 por cento foram a custo zero e outros 8,4 por cento a preço reduzido.

Em Setembro, os almoços servidos a crianças carenciadas disparou para 590 milhões, 64 por cento dos quais graciosos ou a preço reduzido, revelou igualmente Murray no periódico norte-americano.

Falências sucedem-se

Se o desemprego e a miséria são sinais evidentes da crise capitalista, a sucessão de falências não lhes fica atrás. Nos primeiros dias de Novembro, por exemplo, foi a mítica Metro Goldwyn Mayer (MGM) quem deixou de «rugir».

Depois de terem rejeitado uma proposta de compra do rival Lions Gate, os estúdios apresentaram perante o tribunal um pedido de declaração de insolvência resultante de dívidas que ascendem a 4 mil milhões de dólares.

A MGM, fruto da fusão, no início do século passado, de três estúdios então existentes, está nas mãos do capital financeiro, da japonesa Sony e da distribuidora de televisão por cabo Comcast.

No mesmo sentido, no sector bancário o número de instituições que sucumbem não pára. De acordo com a autoridade federal respeitante, citada pela Reuters, durante o ano de 2010 já declararam bancarrota 139 pequenas e médias entidades.

No final de Outubro, outros sete bancos foram encerrados pela FDIC, autoridade que estima em 52 mil milhões de dólares o total de dívida absorvida e cujo prazo de liquidação termina em 2014.


Texto publicado originalmente no jornal Avante http://www.avante.pt/pt/1928/internacional/111281/


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