Nova Evangelização, Nova Ordem ou Monopólio Mundial?

Nova Evangelização, Nova Ordem ou Monopólio Mundial?
por Jorge Messias
 
"Para nós, comunistas e socialistas marxistas, a fome mundial resulta das políticas capitalistas do poder e da criminosa distribuição da riqueza. Fome é privação do essencial, por falta de meios, e é a exclusão social do cidadão na sua própria pátria. É um contra-valor que está na base da luta de classes que travamos, visto que no decorrer da história, sobretudo na fase actual do capitalismo, o poder pertence aos mais ricos que tudo procuram roubar aos outros, proletários e classes médias. Lutamos contra este regresso ao passado."
 
«Mais de 100 mil pessoas morrem devido à fome, todos os dias e em todo o mundo. De quatro em quatro minutos, uma criança fica cega por falta de “Vitamina A”. Em cada 7 segundos, um menor de 10 anos sucumbe devido a desnutrição. Este verdadeiro genocídio ocorre apesar de o mundo ter capacidade para produzir alimentos para 12 biliões de pessoas ou seja, o dobro da população actual» (Jean Ziegler, «Relatório da ONU para o Direito à Alimentação», Agosto 2006).
 
«Em 2011 as campanhas de recolha em supermercados contribuíram apenas com 10% do valor dos produtos recolhidos pelo Banco Alimentar de Lisboa. A indústria agro-alimentar, reciclando os seus excedentes, doou 43%. Os excedentes da União Europeia, corresponderam a 22%. Os excedentes do Mercado Abastecedor de Lisboa, com 11%. Os excedentes do IFAP, com 6%. Ou seja: o escoamento dos excedentes no mercado constituíram 82% dos produtos distribuídos» (João José Cardoso, «O Banco Alimentar haja fome»).
 
«Não podem ser culpados os países pobres por esta tragédia. Não foram eles que conquistaram e saquearam durante séculos continentes inteiros, nem instalaram o colonialismo, nem restabeleceram a escravatura, nem inventaram o imperialismo moderno. Foram, sim, vítimas de tudo isto. Por isso, a principal responsabilidade de financiar o seu próprio desenvolvimento pertence àqueles que, por razões óbvias, disfrutam dos benefícios tornados possíveis pelas atrocidades cometidas. O mundo dos mais ricos deve condenar a dívida externa e conceder novos empréstimos, em suaves condições de pagamento, para financiar o desenvolvimento dos países pobres...» (Fidel Castro, «Discurso de Monterrey», 2002.
 
 
O Vaticano atravessa tempos de grande confusão. Dá-nos essa ideia aquilo que observamos. Mas não será talvez de confusão que se trata. O problema básico é o do entrechoque entre várias tendências religiosas com objectivos diferentes entre si. Ao fim e ao cabo, os mesmos males que afligem o mundo capitalista no qual o Vaticano se enquadra.

Para nós, comunistas e socialistas marxistas, a fome mundial resulta das políticas capitalistas do poder e da criminosa distribuição da riqueza. Fome é privação do essencial, por falta de meios, e é a exclusão social do cidadão na sua própria pátria. É um contra-valor que está na base da luta de classes que travamos, visto que no decorrer da história, sobretudo na fase actual do capitalismo, o poder pertence aos mais ricos que tudo procuram roubar aos outros, proletários e classes médias. Lutamos contra este regresso ao passado.

Na Igreja católica reina a ambiguidade. Pobre, tanto pode ser o que nada possui como o capitalista selvagem, podre de rico mas alheio à Moral. A grande confusão começa aí mas assume, depois, dimensões catastróficas. É que a sociedade cristã é composta por miseráveis, pobres, explorados, oportunistas, especuladores, ricos, bem intencionados e mentirosos, milionários e pedintes, etc. Sobre este bilião e meio de seres, reina um homem, um Papa dotado de atributos divinos e senhor da Verdade. Depois, para se dar ao sistema um certo ar de direcção colectiva, forma-se a assembleia elitista dos cardeais – a Cúria – constituída pelos Príncipes da Igreja que o próprio Papa nomeia. Consequência inevitável é que, com a passagem do tempo, as cúrias logo se transformam em focos infecciosos de grupos de pressão, de núcleos de interesses concorrentes e em alas políticas em incubação. Tudo se contradiz.

Escolhemos o tema da fome, não porque seja único nas suas contradições mas porque ilustra as afinidades que existem entre a hierarquia da Igreja e a fase monopolista do capitalismo. Não só na forma como a fome se encadeia com a pobreza, com o desemprego, com a luta de classes ou com a redistribuição da riqueza; mas porque demonstra, também, como é fundamental combater aqueles que se refugiam atrás das palavras para melhor iludirem o povo.

Em plena crise geral do sistema financeiro, as grandes empresas do sector agrícola e alimentar dão lucros crescentes. As redes sociais não-lucrativas (quase todas católicas) queixam-se de que cada vez têm menos dinheiro para atender o número cada vez maior de SOS. E por toda a parte aumentam os preços dos alimentos essenciais.

A fome é importante fonte de receita para os especuladores. E a Santa Sé tudo sabe acerca desse negócio em que participa activamente.

 
 
Fonte: Avante em www.avante.pt
 
 
 
 

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