A chegada de Margaret Thatcher no Inferno

A chegada de Margaret Thatcher no Inferno
Por  Roberto Ponciano


"Achei que era só um sonho, mas lembrei que esta é a realidade no insuportável mundo conservador e neo-liberal!"



Logo após a morte da Dama de Ferro, que foi musa de muitos pesadelos meus, na época que ela perseguia mineiros, sindicalistas, socialistas, ativistas gays, militantes pela independência da Irlanda, lutadores contra o apartheid, acabei por sonhar mais uma vez com ela. E o sonho foi realmente de assustar. Sonhei que Margareth Tatcher chegava ao inferno, o sonho foi assim.

Na chegada da ex primeira sinistra, quero dizer, ministra Britânica ao inferno, soaram tambores (bem, se no céu soam trombetas, creio que no inferno devem soar tambores) e foi estendido o tapete vermelho. Satã em pessoa veio receber Tatcher, afinal, desde a morte de Pinochet o inferno não recebia visita tão ilustre. A diva dos direitos mínimos, que tachou Mandela de terrorista, apoiou o apartheid e condecorou Pinochet, teve recepção de gala.


Logo após, Tatcher realizou seu grande sonho no inferno, casou-se com seu latin lover platônic, Augusto Pinochet, numa ceremônia realizada por Lúcifer em pessoa. Na primeira fila estavam Mussolini, Hitler, Bush pai e Reagan; havia alguns ilustres tupiniquins, afinal o Brasil também teve seus destaques que mereceram estar na cerimônia: Lacerda, Golbery, Médici, ACM e Serjão, o mago da privataria tucana. Lua-de-mel não houve, afinal, Tatcher é uma vitoriana que defende o sexo para fins apenas de procriação.

Após as bodas a dama-do-inferno, quero dizer, de ferro, foi nomeada pelo próprio capeta para primeira ministro infernal. Cortou a folga dominical dos trabalhadores das caldeiras do inferno e também dos carrascos, junto a isto, proibiu qualquer reunião de ato público, a música, o riso, a alegria, as associações, os sindicatos e as reuniões de mais de duas pessoas. Também reservou um lugar segregado no inferno para os gays e para os rebeldes, que passaram a receber castigos maiores.

Criou um imposto sobre as torturas pago pelos próprios torturados, com trabalhos gratuitos para as grandes corporações do inferno; que foram aliviadas de todos os impostos; privatizou e terceirizou o serviço dos carrascos, de maneira que os diabos de lúcifer foram reduzidos a trabalhores semi-escravos sem folga.

Quando estes tentavam reclamar, ela buscava diabos ainda mais pobres e pagando 0,03 de dólar por hora, exportava a tortura para as remotas Indonésias do inferno. Assim, no inferno neo-liberal, os torturados pagam para sofrer e os carrascos trabalham quase de graça e tem de ainda pagar por quaisquer danos aos instrumentos de torturas como chicotes, tridentes e forquilhas, assim, em lugar de receber algum dinheiro, os carrascos do inferno estavam sempre devendo ás grandes companhias, favorecidas por Tatcher. Também aboliu a educação e a saúde pública. O inferno parecia cada vez mais com a Inglaterra e os EUA criados por Tatcher e Reagan.

Houve a primeira tentativa de greve no inferno, reprimida de forma violenta por um exército infernal criado por ela, que batia, reprimia, prendia, exilava. Para a greve, o remédio era um só, pancada e o rótulo de terrorista, repetido ad nauseam pela mídia do inferno. No inferno, com Tatcher, nenhuma forma de rebeldia era aceita.

Para dar um ar de respeitabilidade, criou o título de sir no inferno, o primeiro condecorado foi o próprio Satã, depois Pinochet, Hitler e a própria Tatcher receberam a condecoração de nobreza. Por fim, proibiu os bacanais, proibiu o sexo no inferno, afinal, sexo só para procriação, como não havia procriação no inferno, o sexo foi simplesmente proibido. O capeta, depois de milhões de anos de reinado, pode enfim descansar em paz, sendo tão bem assessorado e deixou Tatcher governar em seu lugar. O inferno nunca fora tão infernal.

Acordei suado, assustado, gritando...

Achei que era só um sonho, mas lembrei que esta é a realidade no insuportável mundo conservador e neo-liberal!
 
 
Roberto Ponciano , escritor e sindicalista.
 
 
 
 
 
 
 

 

Comentários

  1. kkkkk.òtimo.Agora junto a ela está também Roberto Civita ,é parece que está ocorrendo uma lavagem global da podridã do mundo,para completar a turminha do inferno,só faltou a família Marinho.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O complexo militar industrial e a energia nuclear

Campo de Concentração do Tarrafal - o Campo da Morte Lenta

Tortura nas prisões colombianas: sistematismo e impunidade revelam uma lógica de Estado