“Europa, uma Crise terminal?” - parte 1
A crise económica capitalista e as rearrumações no âmbito internacional
por Nikos Seretakis
"Um intenso conflito ideológico realiza-se em torno da natureza da crise e, consequentemente, sobre a direção da saída dela. Logo no primeiro momento os partidos burgueses e as forças reformistas e oportunistas fizeram um esforço sistemático de desinformação, de ocultação das verdadeiras causas e fatores da crise. O seu objetivo era impedir, nem que fosse um pequeno passo, a emancipação do movimento operário e popular. Promoveram-se teorias sobre o "capitalismo de casino", de que a crise se deve exclusivamente ao sistema financeiro, ao "sobreconsumo" ou inclusive ao seu contrário, o "subconsumo" – esta teoria última apareceu depois do Memorando de 2010."
"Promovem-se alegações infundadas que "a Grécia torna-se cobaia", ou afirmando que "a Grécia está sob ocupação", absolvendo assim o capital grego e o capitalismo, embelezando a União Europeia e ocultando o facto de que medidas semelhantes são tomadas em todos os países da União Europeia para reforçar a competitividade dos grupos monopolistas, garantindo mão-de-obra barata e abrindo novos campos de rentabilidade para o capital."
"Essa é a União Europeia: uma união partidária do anticomunismo, que pretende caluniar a contribuição histórica dos comunistas na luta pelo progresso social, que difama a contribuição decisiva da União Soviética na derrota do fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e tenta identificar o comunismo, que é o inimigo verdadeiro do capital e do capitalismo, com o fascismo, que é um filho do próprio sistema capitalista e uma força a serviço do capital."
A emergência da crise económica capitalista generalizada e sincronizada colocou em primeiro plano o caráter historicamente antiquado e desumano do sistema capitalista.
Contribui para a agudização das desigualdades e das contradições interimperialistas, a mudança da correlação de forças na pirâmide imperialista internacional, a fluidez das alianças e o rebentar de novos e antigos focos de guerra.
Levou ainda a uma maior diminuição da participação dos EUA, da UE e do Japão no Produto Mundial Bruto (PMB). Os EUA continuam a manter a 1ª posição, mas a sua participação no PMB reduziu-se de 22,23% em 2005 para 18,9% em 2012 (na base da paridade do poder de compra). A zona euro já não detém a 2ª posição; a sua participação reduziu-se de 16,53% em 2005 para 13,73% em 2012 (a UE dos 27 países em conjunto tem uma quota igual à dos EUA).
Contribui para a agudização das desigualdades e das contradições interimperialistas, a mudança da correlação de forças na pirâmide imperialista internacional, a fluidez das alianças e o rebentar de novos e antigos focos de guerra.
Levou ainda a uma maior diminuição da participação dos EUA, da UE e do Japão no Produto Mundial Bruto (PMB). Os EUA continuam a manter a 1ª posição, mas a sua participação no PMB reduziu-se de 22,23% em 2005 para 18,9% em 2012 (na base da paridade do poder de compra). A zona euro já não detém a 2ª posição; a sua participação reduziu-se de 16,53% em 2005 para 13,73% em 2012 (a UE dos 27 países em conjunto tem uma quota igual à dos EUA).
É característico que, no seu conjunto, a quota das economias do grupo G7, isto é, dos EUA, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Canadá e Japão, que foram as economias desenvolvidas mais fortes, durante a crise caiu de 45,03% do produto mundial em 2005 para 37,75%, de acordo com as previsões para o ano de 2012, com a perspectiva de uma diminuição ainda maior nos próximos anos.
Em sentido contrário, aumenta constantemente a quota da China e da Índia no Produto Mundial Bruto enquanto as quotas dos demais países dos BRICS (Brasil, Rússia Índia, China e África do Sul) se mantêm estáveis. Aumenta o peso internacional do Brasil e o papel que desempenha na América Latina como potência capitalista devido ao tamanho do país e à sua taxa de desenvolvimento capitalista.
Hoje em dia a Grécia é o elo mais débil da zona euro; continua numa crise bem profunda, apresenta queda na produção industrial, balanço negativo da conta-corrente e uma elevada dívida pública.
A sua distância em relação às economias capitalistas da zona euro ampliou-se. Ainda que a posição da Grécia na região do Mediterrâneo Oriental continue a ser importante, é cada vez mais débil em comparação com a Turquia e Israel.
Na última década registaram-se perdas relativas à sua competitividade capitalista, uma grande redução da produção, principalmente na indústria manufatureira e na construção e, em menor medida, na produção agrícola. O sector da marinha mercante mantém o seu papel protagonista no mercado capitalista internacional (a frota de propriedade grega mantém a 2ª posição a nível mundial e a 1ª na UE, enquanto a frota sob bandeira grega mantém a 6ª posição no mundo). A frota grega fazia e continua a fazer grande parte dos transportes marítimos de mercadorias e petróleo para os EUA. É a única secção do capital grego que tem uma forte posição negociadora dentro da União Europeia.
A crise na Grécia continua pelo quinto ano consecutivo. Para 2013 espera-se uma nova redução do PIB de 4,2%. A queda acumulada do PIB desde 2008, quando a crise eclodiu, chega a -24%. Os desempregados já atingem 1,5 milhões de trabalhadores. O desemprego juvenil superou 60%. Os ingressos das famílias populares caíram mais de 40%. Trata-se da mais profunda e mais longa crise de sobreacumulação de capital desde a década de 1950.
A crise na Grécia agravou-se por causa da sua integração na União Europeia e na zona euro, o que agudizou as desigualdades profundas no desenvolvimento/estrutura dos ramos industriais e contribuiu para a perda de competitividade do setor da manufactura grega, o aumento das importações, o aumento do déficit comercial e da dívida pública.
Um intenso conflito ideológico realiza-se em torno da natureza da crise e, consequentemente, sobre a direção da saída dela. Logo no primeiro momento os partidos burgueses e as forças reformistas e oportunistas fizeram um esforço sistemático de desinformação, de ocultação das verdadeiras causas e fatores da crise. O seu objetivo era impedir, nem que fosse um pequeno passo, a emancipação do movimento operário e popular. Promoveram-se teorias sobre o "capitalismo de casino", de que a crise se deve exclusivamente ao sistema financeiro, ao "sobreconsumo" ou inclusive ao seu contrário, o "subconsumo" – esta teoria última apareceu depois do Memorando de 2010.
Promovem-se alegações infundadas que "a Grécia torna-se cobaia", ou afirmando que "a Grécia está sob ocupação", absolvendo assim o capital grego e o capitalismo, embelezando a União Europeia e ocultando o facto de que medidas semelhantes são tomadas em todos os países da União Europeia para reforçar a competitividade dos grupos monopolistas, garantindo mão-de-obra barata e abrindo novos campos de rentabilidade para o capital. Trata-se de reestruturações aprovadas pela União Europeia bem antes da eclosão da crise.
O KKE afirma, com argumentos documentados, que se trata de uma crise cíclica de superprodução e superacumulação de capital; que a origem da crise reside exatamente no período antecedente do intenso desenvolvimento capitalista. Entre 1995-2007 aumentou- se drasticamente, cerca de 63%, a rentabilidade do capital social, superando até mesmo o período de 1960-1973 (chamada como "época dourada" do capitalismo grego). A taxa média de crescimento anual do PIB nos anos de 1996-2007 chegou a 3,9%. No período de2004-2008 alcançou quase o dobro da taxa media da zona euro . Isso dá mais um argumento de que não há saída da crise em favor do povo no âmbito do caminho do desenvolvimento capitalista, independentemente da sua forma de gestão.
Um intenso conflito ideológico realiza-se em torno da natureza da crise e, consequentemente, sobre a direção da saída dela. Logo no primeiro momento os partidos burgueses e as forças reformistas e oportunistas fizeram um esforço sistemático de desinformação, de ocultação das verdadeiras causas e fatores da crise. O seu objetivo era impedir, nem que fosse um pequeno passo, a emancipação do movimento operário e popular. Promoveram-se teorias sobre o "capitalismo de casino", de que a crise se deve exclusivamente ao sistema financeiro, ao "sobreconsumo" ou inclusive ao seu contrário, o "subconsumo" – esta teoria última apareceu depois do Memorando de 2010.
Promovem-se alegações infundadas que "a Grécia torna-se cobaia", ou afirmando que "a Grécia está sob ocupação", absolvendo assim o capital grego e o capitalismo, embelezando a União Europeia e ocultando o facto de que medidas semelhantes são tomadas em todos os países da União Europeia para reforçar a competitividade dos grupos monopolistas, garantindo mão-de-obra barata e abrindo novos campos de rentabilidade para o capital. Trata-se de reestruturações aprovadas pela União Europeia bem antes da eclosão da crise.
O KKE afirma, com argumentos documentados, que se trata de uma crise cíclica de superprodução e superacumulação de capital; que a origem da crise reside exatamente no período antecedente do intenso desenvolvimento capitalista. Entre 1995-2007 aumentou- se drasticamente, cerca de 63%, a rentabilidade do capital social, superando até mesmo o período de 1960-1973 (chamada como "época dourada" do capitalismo grego). A taxa média de crescimento anual do PIB nos anos de 1996-2007 chegou a 3,9%. No período de2004-2008 alcançou quase o dobro da taxa media da zona euro . Isso dá mais um argumento de que não há saída da crise em favor do povo no âmbito do caminho do desenvolvimento capitalista, independentemente da sua forma de gestão.
O carácter da União Europeia e os desenvolvimentos no seio dela
Os acontecimentos têm refutado totalmente as forças burguesas e oportunistas que caracterizam a União Europeia como um fenómeno objetivo e inevitável, como uma União que se expande constantemente, como uma união que pode funcionar em favor dos povos.
Ao contrário, deram razão às posições do KKE, que dizia que a União Europeia é uma aliança interimperialista, cujos critérios são os interesses dos monopólios europeus, o aumento da rentabilidade do grande capital e o reforço da sua competitividade através do aumento do grau de exploração da classe operária, a eliminação de direitos trabalhistas, a deterioração das condições da vida das camadas populares.
Os acontecimentos têm refutado totalmente as forças burguesas e oportunistas que caracterizam a União Europeia como um fenómeno objetivo e inevitável, como uma União que se expande constantemente, como uma união que pode funcionar em favor dos povos.
Ao contrário, deram razão às posições do KKE, que dizia que a União Europeia é uma aliança interimperialista, cujos critérios são os interesses dos monopólios europeus, o aumento da rentabilidade do grande capital e o reforço da sua competitividade através do aumento do grau de exploração da classe operária, a eliminação de direitos trabalhistas, a deterioração das condições da vida das camadas populares.
É uma União interestatal imperialista que abre caminho para a atividade livre do capital nos níveis nacional, regional e internacional. Age para a expansão das atividades empresariais dos grandes grupos económicos, para a conquista de novos mercados e esferas de influência, para saquear os recursos naturais, minerais e energéticos.
A União Europeia hoje em dia tem mais de 30 milhões de desempregados e muitos outros subempregados, compromete o futuro da juventude, condena mais de 127 milhões de pessoas à pobreza extrema. Tem participado, juntamente com os EUA e a NATO, das agressões imperialistas contra a Yugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia. Desempenha um papel importante nas ameaças e nas intervenções contra a Síria e o Irão.
Essa é a União Europeia: uma união partidária do anticomunismo, que pretende caluniar a contribuição histórica dos comunistas na luta pelo progresso social, que difama a contribuição decisiva da União Soviética na derrota do fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e tenta identificar o comunismo, que é o inimigo verdadeiro do capital e do capitalismo, com o fascismo, que é um filho do próprio sistema capitalista e uma força a serviço do capital.
As contradições internas agudizam-se constantemente nos seios da União Europeia e da zona do euro.
Actualmente distinguem-se três categorias no interior da zona euro: A categoria forte (Alemanha, Países Baixos, Finlândia); uma segunda categoria, a da França e Itália, cuja distância da Alemanha está a aumentar, e a categoria das economias endividadas mais débeis (Espanha, Portugal, Irlanda, Grécia, etc.).
A tendência dominante atual da burguesia alemã dá prioridade ao fortalecimento do euro e da estabilidade monetária e questiona o objectivo e a capacidade da Alemanha em assumir grande parte da responsabilidade pela depreciação do capital nos países endividados.
Uma segunda tendência, que está em crescimento, assinala o perigo em torno da força do euro e da estabilidade das relações euro-atlânticas, no caso de expulsão de alguns elos mais débeis. Esse acontecimento poderia conduzir à redução do mercado interno unificado da União Europeia.
Uma terceira tendência questiona em geral a forma atual da zona euro e dá prioridade à aproximação ao eixo China-Rússia.
Colocam-se graves dilemas quanto ao futuro da zona euro. Nas Conferências de 2011 e 2012 conseguiu-se um consenso temporal, frágil, que não anula as causas da agudização das contradições interimperialistas.
A União Europeia hoje em dia tem mais de 30 milhões de desempregados e muitos outros subempregados, compromete o futuro da juventude, condena mais de 127 milhões de pessoas à pobreza extrema. Tem participado, juntamente com os EUA e a NATO, das agressões imperialistas contra a Yugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia. Desempenha um papel importante nas ameaças e nas intervenções contra a Síria e o Irão.
Essa é a União Europeia: uma união partidária do anticomunismo, que pretende caluniar a contribuição histórica dos comunistas na luta pelo progresso social, que difama a contribuição decisiva da União Soviética na derrota do fascismo durante a Segunda Guerra Mundial e tenta identificar o comunismo, que é o inimigo verdadeiro do capital e do capitalismo, com o fascismo, que é um filho do próprio sistema capitalista e uma força a serviço do capital.
As contradições internas agudizam-se constantemente nos seios da União Europeia e da zona do euro.
Actualmente distinguem-se três categorias no interior da zona euro: A categoria forte (Alemanha, Países Baixos, Finlândia); uma segunda categoria, a da França e Itália, cuja distância da Alemanha está a aumentar, e a categoria das economias endividadas mais débeis (Espanha, Portugal, Irlanda, Grécia, etc.).
A tendência dominante atual da burguesia alemã dá prioridade ao fortalecimento do euro e da estabilidade monetária e questiona o objectivo e a capacidade da Alemanha em assumir grande parte da responsabilidade pela depreciação do capital nos países endividados.
Uma segunda tendência, que está em crescimento, assinala o perigo em torno da força do euro e da estabilidade das relações euro-atlânticas, no caso de expulsão de alguns elos mais débeis. Esse acontecimento poderia conduzir à redução do mercado interno unificado da União Europeia.
Uma terceira tendência questiona em geral a forma atual da zona euro e dá prioridade à aproximação ao eixo China-Rússia.
Colocam-se graves dilemas quanto ao futuro da zona euro. Nas Conferências de 2011 e 2012 conseguiu-se um consenso temporal, frágil, que não anula as causas da agudização das contradições interimperialistas.
- Continua -
Fonte: Pelo Socialismo
Mafarrico Vermelho
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